Capítulo I – Bem-vinda.
P.O.V
Abri
a porta de casa o mais silenciosamente que pude e entrei, andando como se
pisasse em ovos. Suspirei aliviada e fechei a porta atrás de mim, mas ao me
virar, segurei um grito, tamanho o susto que levei.
–
Natalier! –Minha irmã exclamou com uma expressão severa. Merda, fui pega aos 48
do segundo tempo! –Onde você estava?
–Estava
com meus amigos. –Respondi firme, olhando-a indiferente.
–Você
sabe que horas são? –Lá vem bronca. –Duas e meia! Da madrugada! –Informou e eu rolei os olhos, tirando meus sapatos. –,
eu sou sua irmã mais velha, você me deve satisfações.
–Eu
já disse: estava com meus amigos,
entendeu ou quer que eu desenhe? –Inquiri sarcástica e a vi bufar.
–Eu
sei que você está brava, mas não vai adiantar nada me tratar assim, eu não vou
mudar de ideia. –Avisou.
–E
não adianta você fingir que está tudo normal, porque não está! Samanta, de
repente você decide se mudar para uma porcaria
de cidade, decide me levar junto
e eu não tenho direito nem de opinar!
–Você
é menor de idade! –Interrompeu-me.
–E
daí? Você nunca se importou com minha idade! –Exclamei, sentia meu corpo todo tremer.
–E é isso que eu não suporto, você está diferente, está estranha e não confia
mais em mim! –Acusei.
–Não exagera !
–Resmungou.
–Ah
tá, eu que tô exagerando?
–Sim,
está, já que eu estou no direito de ficar preocupada, afinal até cinco minutos
atrás você estava andando, sozinha,
nas ruas de Cancun! –Como se eu
precisasse ser lembrada disso.
–Ai,
Samanta! Cansei de discutir com você! –Falei e subi as escadas do nosso
apartamento pisando duro. Eu estava totalmente revoltada, a primeira vez que
nós passamos tanto tempo em um lugar que não fosse o Rio de Janeiro – nossa
cidade natal – e ela inventa de ir embora. Parece que minha querida irmã esqueceu que eu tenho
amigos aqui, como nunca tive em outro lugar.
Entrei
no meu quarto e fechei a porta com força, socando a parede do lado dela. Eu e Samanta
sempre fomos tão unidas e ela sempre confiou tanto em mim, mas de um tempo para
cá minha irmã começou a ficar paranoica, praticamente me controlava e, duas
semanas atrás, ela veio com a “novidade” de que iríamos viajar. Mas não uma de
nossas viagens em que passamos tempo lá e logo “migramos” novamente. Nós
iriamos nos mudar por tempo indeterminado.
Para os Estados Unidos. E o pior: para uma cidade pequena.
Eu tenho horror a cidades pequenas, onde todo
mundo sabe da vida de todo mundo, onde não se tem nada para fazer, um lugar em
que se você olhar para um garoto, todos falam que você está grávida. É. Eu
odeio até o cheiro de cidade pequena. Sou uma garota muy urbana, obrigada, adoro até o cheiro de poluição e é por isso
que nós sempre viajávamos para cidades grandes.
Começou
quando eu tinha 13 anos e ela acabava de fazer 16, saímos do Rio e fomos em
direção à Nova Iorque, ficamos dois meses lá e seguimos para Londres, onde
passamos um mês antes de irmos conhecer Madrid, cidade linda, onde ficamos dois
meses e meio. Insisti para que fossemos para Paris, ficamos três meses lá e
depois passamos muito rapidamente por outras grandes cidades do planeta – como
Londres, Roma, Hong Kong e Tóquio –, até que, há seis meses, fomos para Las
Vegas e ficamos mais dois meses lá, depois deu “a louca” em nós duas e nós
viemos para uma cidade igualmente louca: Cancun. Quatro meses que foram, no
mínimo, intensos.
Durante
nossas viagens eu sempre frequentava escolas, o que era a única condição para
que meus pais permitissem nossas aventuras, e essas passagens me renderam
muitos amigos, mas aqui foi diferente, foi mais real, fiz melhores amigos como
não fazia desde que sai do Rio de Janeiro, deixando Júlia – minha Besta, como
eu a chamava – para trás.
Senti
algo quente escorrer por minha bochecha e percebi que estava chorando. Era
injusto. Eu não quero sair daqui e deixar, novamente, coisas importantes pra
trás!
Fui
até minha cama e sentei, enterrando o rosto em minhas mãos e tentando me
controlar. Levantei o olhar e me deparei com duas fotos: uma no Rio de Janeiro,
no aeroporto, quando eu e Samy embarcaríamos para N.Y., Júlia me abraçava e nós
duas estávamos chorando, mas rindo. A outra foto era uma que eu tinha tirado
uma semana atrás, no Colégio, com Déborah e Duda, os dois D’s da minha vida,
elas riam enquanto Déborah me dava um tapa na cabeça.
Peguei
meu celular e procurei o telefone de Júlia, minha grande confidente, discando
seu número. Contei seis toques até que a voz sonolenta dela me atendesse.
–Sua
vaca, são oito e meia da manhã de um sábado, sabia? –Resmungou, eu
sempre me esquecia do fuso horário.
–Foi mal amiga, mas eu preciso conversar com
alguém. –Falei e ouvi ela se arrumar do outro lado da linha.
–Que
voz é essa, nega? A coisa deve ser séria, me conta. –Pediu adquirindo
um tom preocupado, eu fitei o teto do meu quarto e suspirei, jogando meu tronco
na cama.
–Eu tô com medo dessa viajem. –Confessei
de uma vez só.
–O
quê?! –Ela gritou do outro da linha. –Como? !
Você sempre viajou, para você isso é mais natural do que estar
menstruada.
–Fiz uma careta com a comparação, mas fui
obrigada a rir baixinho.
–É que essa vez é diferente. –Murmurei.
–Eu
sei, eu sei, tem toda a história de você não saber quando volta e talz. –Ela
disse em um tom monótono que fez eu me achar uma criança com medo de escuro,
revirei os olhos.
–Não é tão
simples, eu não fico em um lugar por mais de quatro meses desde os meu 13 anos,
lembra? –Falei.
–É
claro que eu lembro, fazem só dois anos...
–Quase três. –Corrigi.
–Que
seja, fazem quase três anos, mas eu ainda me lembro, minha memória não é tão
ruim assim, sabia? –Retorquiu impaciente. –E não vai ter nada de mais, é só
você ser maluca que nem você sempre foi e eu tenho certeza que ninguém se
aproxima.
–Ah, valeu pelo pensamento positivo! –Ironizei
e ela riu do outro lado.
–Quê?
Eu tenho que manter meu posto de melhor amiga, não é? –Brincou e eu
gelei.
–É... –Falei vagamente.
–
Natalier, eu não sou mais sua melhor amiga?! Quem foi a vadia?! –Falou
após uns segundos processando minha resposta. Eu jurava que estava a vendo
andar de um lado para o outro, com sua blusa do Megadeth surrada e uma calcinha
boxer, cerrando os punhos e bagunçando os cabelos castanhos dourados. –Melhor!
As vadias! Foram aquelas fulaninhas ai de Cancun, né não?
–Juba, calma. –Comecei, mas ela berrou
do outro lado, me fazendo afastar o celular da orelha:
–CALMA?
!
Eu odeio Cancun, eu fiquei aqui sozinha, aturando Nathália e
companhia, enquanto você viajava pelo mundo no bem bom! –Ela
relembrou e eu rolei os olhos, me preparando para a sessão de “olha como eu
sofri” da minha amiga. –Eu, Júlia Lincon, tive que engolir as
provocações daquele bando de vaca! E me diz para quê? Pra você ficar aí, se
esfregando nessa tal de Déborah e na Eduarda! A vida é muito injusta!
–Júlia! Cala a boca sua gralha! –Mandei
rindo do ataque dela. –Nós ficamos muito
amigas, sim, mas ninguém nunca, você ouviu
bem? Nunca vai te tirar minha
amizade. –Avisei calmamente.
–Humpt,
acho bom, senão eu mandava o BOPE ir aí te perseguir. –Falou Júlia mais
calma, arrancando mais uma risada minha. –Eu tô com saudades, sabia? –Ela
disse e eu senti meus olhos marejarem.
–Eu também. –Confessei com a voz
embargada.
–Ai,
credo confi, choro? Sua sexualidade não foi alterada ao longo desses anos, foi?
–Perguntou e eu ri.
–Cala a boca, vadia. –Mandei e ela
também riu. Nossa amizade era na base de trocas
de juras de amor, melhor dizendo: alguns xingamentos que são verídicos, ok? –Tenho que desligar, te ligo do aeroporto. –Falei por fim.
–OK,
até lá eu penso em um discurso para te animar, ok? –Ri mais uma vez.
–Vai malhar essa bunda, mulher, já são quase
9:00 aí. –Disse e ela resmungou do outro lado da linha.
–Eu tô
malhando, ok? Nossa amada professora levou a sério seu pedido para não me
deixar parar de ir à academia. –Ela disse perceptivelmente “triste”. –Bem
que você podia ligar para ela e dizer para ela me liberar, né amiga? –Pediu
manhosa.
–Vai sonhando, nega. –Ri de novo e ela
praguejou. –Boa noite.
–Noite?
Você interrompeu a hora mais preciosa do meu dia, agora eu vou é pro Tumblr e
você vai dormir, porque eu vou te arrancar os cabelos se você chegar na
“cidade-microscópica-que-você-vai-morar” com olheiras e uma cara de morta,
entendeu? –Disse séria e escutei o barulho do computador ser ligado.
–Sim senhora, mas não esquece que de noite
você tem que trabalhar. –Respondi no mesmo tom.
–É eu
sei que o calçadão carioca não é o mesmo sem o meu salto 10 cm de noite. –Nós
duas rimos e eu suspirei. –Vai dormir, sua idiota.
–Tô indo. –Disse. –Tchau, até daqui algumas horas, beijo.
–Beijo,
te amo. –Falou e eu ri antes de desligar o telefone na cara dela.
Levantei e fui escovar os dentes e lavar meu rosto, depois me troquei e arrumei
minha cama para receber meu corpinho e minha cabecinha. Peguei o celular e vi
uma mensagem.
“Obrigada
por responder a minha declaração, bitch. Tomara que Freddy Krueger visite seus
sonhos.”
Rolei
os olhos e me deitei, só a Júlia para me fazer rir mesmo com tantas coisas
perturbando minha mente nada sã.
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Merda,
macumba de melhor amiga pega. Eu tive um sonho bem cabreiro. Freddy Krueger
havia me levado para uma floresta – só em sonho que eu acompanharia alguém,
ainda por cima desconhecido ou com uma cara medonha, até uma floresta – e me deixado lá, eu fiquei
assustada, apenas escutava a gargalhada dele bem longe. Alguns barulhos
começaram a me assustar – ainda mais – e quando eu virei me deparei com um
bicho enorme, e quando eu digo enorme eu quero dizer enorme mesmo.
Não consegui reconhecer bem que animal era, mas de uma coisa eu tenho certeza:
se minha irmã não tivesse me acordado, eu acho que eu teria pagado o maior mico
da minha vida fazendo xixi na calça – mesmo sendo em um sonho.
–,
acorda, nós temos que almoçar e se você acha que eu vou acabar de arrumar suas
malas, você está muito enganada. –Samanta falou, chacoalhando-me pelos ombros.
–Tá.
–Balbuciei e me virei de lado, espreguiçando-me lentamente.
–!
–Berrou e eu me levantei, resmungando. Lavei meu rosto e desci as escadas, me
deparando com uma mesa bem servida.
–Você
não vai se redimir me chantageando com comida, sabia? –Falei e Samanta revirou
os olhos, bebendo o suco que estava em seu copo.
–Eu
sei. –Falou simplesmente, empurrando a cadeira para eu me sentar. Sentei e
peguei uma torrada, passando manteiga enquanto Samy colocava suco no meu copo.
Observei-a, minha irmã era linda, fato,
os cabelos loiro dourados lisos até as pontas, onde se formavam cachos lindos,
os olhos azuis acinzentados contrastavam com a pele branca dela, sem contar com
o corpo que muitas modelos matariam para ter. Mas ela parecia abatida, cansada,
esgotada. E eu sabia quem havia
causado aquilo.
–OK.
–Disse de repente e ela me olhou confusa. –Parou com as brigas, nós nunca
brigamos. –Disse e ela deu um sorrisinho de canto.
–Está
certa. –Falou caçando minha mão em cima da mesa e a envolvendo com as delas.
–Maninha você pode ser muito chata quando quer. –Falou e eu fui obrigada a rir.
–Eu
sei, é dom pessoal.
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–Até que enfim, achei que tinha te dado um
colapso nervoso, não atendia o celular. –Comentei e ouvi alguém bufar do
outro lado.
–Eu
tava ocupada, ok? E ainda não são nove horas aí, o que significa que seu voo ou
não chegou, ou você não está no aeroporto. –Júlia me respondeu.
–É, eu sei, eu estou no táxi. –Falei com
simplicidade.
–Achei
que ia me ligar do aeroporto. –Comentou e eu abri um sorrisinho de
canto. Contagem regressiva para crise de ciúmes: cinco, quatro, três, do... –Ah,
deve ser porque a Deby e a Duda vão estar lá, né? Tenho dois D’s para elas: desgraçadas
e desfiguradas. –Ops, foi mais rápido que o programado.
–Desfiguradas? –Perguntei rindo, o
motorista do táxi me olhou pelo espelho, mas não dei bola, português nem é tão
diferente de espanhol, se ele não está entendendo o problema é dele.
–É como
elas vão ficar se eu encontra-las. –Explicou e eu revirei os olhos.
–,
estamos chegando. –Samanta me avisou e eu concordei.
–Juba, eu preciso desligar, estamos
chegando. –Passei o recado.
–OK,
me liga quando desembarcar nos “states”, ok? –Eu ri e ela continuou: -Tô
falando sério, nega.
–OK! Eu ligo, beijos.
–Beijos.
–Desliguei o telefone bem a tempo, já que o táxi parou na área destinada a
eles no aeroporto. Desembarcamos e colocamos nossas nada pequenas e muitas
malas em dois carrinhos, adentrando o aeroporto. Logo nós já esperávamos
próximas ao portão de embarque, quando eu vi duas garotas pulando no meio do
salão, provavelmente procurando alguém camuflado pela multidão.
–Já
volto. –Falei para Samanta e ela concordou rindo.
Fui
até as duas garotas, que ao me verem pularam em cima de mim. Déborah tampou
minha visão com seus cabelos extremamente ruivos, ainda bem que ela era leve,
porque senão eu teria caído. Já Duda me abraçou com mais calma e eu as puxei
até onde minha irmã estava, onde as duas a cumprimentaram.
–,
dá uma voltinha. –Mandou Déborah e eu ri, rodando em torno de mim mesma.
–Ainda
bem que você tá linda, amiga, porque ninguém merece chegar a um lugar novo toda
baranga. –Ri da sinceridade de Duda, aquela morena sabia como ser sincera nos
piores momentos quando queria.
–Concordo.
–Eu e Samanta falamos. Eu tinha mesmo caprichado no look para viajar, além de ser confortável era despojado.
Conversamos
amenidades até ouvirmos a chamada para nosso voo, que atrasara apenas quinze
minutos, para minha tristeza.
–Nós
vamos dar um jeito de te visitar, OK? –Déborah falou com a voz embargada,
concordei abraçando as duas com força.
–Só
não se esquece da gente, tá? –Duda disse e eu concordei.
–Nunca.
–Falei e me separei delas.
–Ah,
espera. –Déhh disse e eu franzi o cenho, ela colocou a mão no bolso do casaco e
de lá tirou uma caixinha de veludo, me entregando-a. Abri desconfiada e me
deparei com um lindo colar de prata com um pingente de coração, onde estava
escrito “Forever”, olhei para as duas com os olhos marejados e a visão
embaçada, elas puxaram, de dentro da blusa, colares de prata também, o de Duda
era um pouco menor do que o meu e um pouco maior que o de Déborah, e estavam
escritos “Friend” e “Best”, respectivamente.
–Eles
se encaixam. –Eduarda disse, virando e mostrando que a parte de trás do colar
dela tinha um encaixe para o de Déborah e quando virei o meu vi que o de Duda
se encaixava nele.
–É
lindo, meninas. –Disse rindo e as abraçando novamente.
–Temos
que ir. –Samanta disse e pude ver que ela também estava emocionada, nos
despedimos mais uma vez delas e fomos para o avião, durante o caminho eu brincava
com o pingente do colar e com uma pulseira, também de prata, que havia ganhado
de Júlia na nossa despedida, a pulseira tinha um pingente com u “J” lindo de
diamantes e eu não tirava por nada nesse mundo.
Parecia
que as coisas estavam se repetindo, mas algo me dizia que dessa vez ia ser
diferente. A aeromoça começou a dar alguns avisos, avisos que já havia decorado
há tempos. Onze horas de viajem, fora algumas escalas, me aguardavam, suspirei
e liguei meu iPod, isso ia demorar.
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–Mana.
–Segunda chacoalhada do dia. –Acorda Mascote! –Exclamou e eu abri meus olhos.
–Chegamos. –Ela sorriu para mim de modo animado, mas eu me limitei a virar o
rosto. – Natalier, vamos
logo. –Disse me puxando com uma força que não condizia com sua postura, me
levantei e segui-a para fora do avião, emburrada. Logo pegávamos nossas malas e
seguíamos para fora do aeroporto de Port Angeles. Minha irmã se pôs na ponta
dos pés e pareceu procurar alguém com os olhos, saindo em seguida, comigo em
seu encalço.
–Ah
não. –Soltei e estaquei no lugar. –Não, não, não, nem que a vaca tussa e tenha
caxumba. –Eu falei convicta, ao ver que quem nos esperava, encostado em uma
Land Rover branca lindíssima, era meu irmão mais velho, gêmeo de Samanta. David
Natalier era, sem sombra de dúvidas, meu carma. Até meus 10 anos todas as minhas amigas se apaixonavam
por ele, então eu dei graças a Deus quando ele resolveu vir morar com o vovô em
La Push, mas nunca pensei que iria vê-lo de novo.
–Bom
te ver, Mascote. –Trinquei os dentes e cerrei os punhos, Mascote era o apelido
que eles tinham me dado por eu ser a mais nova da família, e eu gostava do
apelido, a não ser quando era ele quem
o proferia.
–Ah,
não comecem, pelo amor de Deus. –Samanta pediu, abraçando-o rapidamente e
entregando as malas para ele colocar no porta-malas, era incrível como ele era
um idiota comigo e era bem amiguinho da Samy.
–Além
de vir para cá eu vou ter que conviver com essa... Coisa? –Perguntei azeda enquanto ele guardava o resto das minhas
malas.
–Você
não achou que iria morar em um hotel, achou? –Ele disse e eu abri a boca,
perplexa, eu fiquei alguns segundos totalmente parada, mas logo dei meia volta
e entrei no aeroporto.
–! O
quê você vai fazer? –Escutei Samanta berrar atrás de mim, mas a ignorei
firmemente, indo até o guichê de informações.
–Oi,
onde eu compro uma passagem para o Rio de Janeiro ou para Cancun? –Perguntei
para a moça, mas logo senti uma mão forte em meu antebraço.
–Desculpe,
minha irmã é muito brincalhona. –David disse sorrindo sedutoramente para a
moça, o que me gerou uma careta, e logo me puxando para a Land Rover e me
colocando sentada no banco de trás. –Não é hora para seus pitis, .
–Avisou firme e eu rolei os olhos.
–Se
vocês acham que eu vou morar com ele,
vocês dois precisam ir, urgentemente, para o manicômio. –Avisei.
–Fica
tranquila, já reservei um lugar lá, já que você vai me enlouquecer. –Ele
retorquiu.
–Viu!
É por isso que eu te odeio! –Berrei.
–Você
realmente acha que eu joguei confetes em mim quando soube que você viria?! –Ele
gritou de volta, sarcástico, e quando eu abri a boca para protestar, fui
cortada por Samy:
–Calados!
Eu ainda sou mais velha que os dois, então fiquem quietos!
–Apenas
dezesseis minutos mais velha. –David completou e eu rolei os olhos,
infantilidade é sinônimo do meu irmão. Liguei meu iPod de novo, colocando num
volume muito alto para tentar eliminar o fato de estar no mesmo carro que
aquela criatura menos evoluída que eu chamava de irmão. Depois de uma hora e
meia dentro do carro, ele diminuiu a velocidade. No meio do nada.
–Chegamos?
–Perguntei.
–Sim.
–Ele disse com simplicidade, entrando em um pequeno caminho que levava até uma
casa. Desembarquei e deixei meu queixo cair.
–Você
mora aqui?
–É.
–Disse tirando as malas do carro com uma tremenda facilidade e entrando na bela
e moderna casa.
A
casa contrastava bem com o ambiente meio selvagem, andei até o jardim atrás dela
e vi uma piscina, andei mais um pouco e me escorei num corrimão de vidro, que
separava os jardins de uma queda de uns dois metros e que dava nas margens de
um rio.
–Por
que a casa é no meio do nada? –Perguntei para minha irmã quando adentrei na
sala de estar.
–Porque
o “meio do nada” está perto de tudo, fica no caminho para Forks e para La Push.
–Foi David quem respondeu. –Samanta já viu o quarto dela, tem o seu, o meu e
outros dois que são de visita, vai ver como ficou a decoração do seu quarto.
–Ele disse e eu concordei. –A propósito, ,
você se tornou uma moça muito bonita. –Falou e eu sorri minimamente para ele,
nós tínhamos esses – raros – momentos fraternos.
Subi
as escadas e saí em um corredor branco bem iluminado, observei os três quartos
vagos e acabei percebendo que o último quarto
era o meu. A vista que eu tinha da janela era muito bonita, as árvores da
floresta e as águas do rio. Mas o que me fez perceber que aquele seria meu novo
refúgio foi a decoração moderna.
–Gostou?
–Samanta perguntou da porta, me assustando.
–Amei.
–Respondi com sinceridade, confesso que fiquei muito aliviada ao ver um
computador, achei que até isso iriam me tirar.
–Vou
te deixar sozinha para arrumar as suas coisas. –Disse tamborilando os dedos na
soleira da porta e eu concordei, observando minhas malas em cima da cama. –Ah,
já ligou para a Júlia? –Perguntou e eu bati em minha testa.
–Droga,
tinha esquecido. –Resmunguei e ela riu, saindo em seguida, fechando a porta
atrás de si. Peguei meu celular, coloquei o fone de ouvido e fiz uma ligação
para ela, enquanto colocava o celular no bolso e arrumava o fone para que ela
me ouvisse bem, contei apenas um toque até ouvir sua “doce” voz.
–Até
que enfim, achei que o avião tinha caído! –Ralhou e eu rolei os olhos, abrindo
minha mala de roupas.
–Foi mal, confi, é que eu tive algumas
surpresas desagradáveis. –Expliquei e ela soltou um muxoxo.
–E o
que seria? -Curiosidade de Besta
é uma coisa direta.
–Seria eu ter que morar com o meu irmão. –Respondi
e ela fez um som de compreensão.
–O
David? É esse o nome dele, não é? –Ela perguntou e eu murmurei
afirmando, Júlia foi a minha única amiga no Rio que não conheceu meu irmão – e
eu dou graças a Deus por isso. –Ih, as coisas não podem piorar.
–Vira essa boca pra lá, Júlia. Você sabe
muito bem que quando alguém fala isso, as coisas pioram. –Avisei e ela riu
levemente do outro lado.
–É
mesmo, esqueci.
–Ela pausou. –E como é aí? –Ela
perguntou e eu fitei a paisagem que eu tinha pela minha janela.
–Nublado. –Falei vagamente, fazendo-a
rir.
–Desenvolve.
–Pediu e eu ponderei.
–Tipo, é bonito para os padrões naturais, sabe? –Falei e ela
concordou. –Tem bastante verde e é
calmo, quieto.
–Coitada
da Rainha da Selva Urbana! –Caçoou.
–E ainda por cima a casa do meu amado irmão fica no meio do nada. –Reclamei
e ela riu. –Seus pais não estão aí,
digo, já são quase onze horas da noite aqui...
–É, eu
sei, eu virei a madrugada. –Comentou risonha. –E meus pais foram para um jantar
em São Paulo.
–Tá sozinha?! –Perguntei perplexa,
podemos dizer que a Júlia não era a garota mais comportada da face da Terra.
–Não.
–Respondeu em um muxoxo, me obrigando a rir enquanto colocava meus vestidos
em alguns cabides, podemos dizer que, graças ao poder aquisitivo nada modesto
da minha família, eu tinha muita roupa.
–Quem está aí? –Perguntei.
–Minha
tia, que está na sala, dormindo na
sala. –Ressaltou e eu ri de novo.
–Medida de precaução?
–É,
mas isso já está ficando exagerado. –Ela soltou um suspiro, me
obrigando a rir, novamente. –E como está o quesito escola? –Perguntou
e eu me lembrei disso.
–Nem sei, tinha esquecido. –Respondi e
ela soltou um murmúrio.
–Já
conheceu alguém aí?
–Claro, vi até a Emma Watson andando por
aqui. –Ironizei.
–Ai,
grossa. –Disse falsamente magoada. –Tomara que tenha uns gatinhos aí.
–Gatinhos não, gatões, deuses gregos, lindos
e maravilhosos para compensar minha vinda. –Corrigi e ela gargalhou do
outro lado.
–Ah, ,
tenho que desligar, o Roberto tá online! –Disse toda animada e eu rolei
os olhos.
–Vai me trocar por ele? –Perguntei
fazendo bico e ela riu.
–Claro,
você não faz meu estilo. –Disse séria. –Beijos. –Despediu-se.
–Beijos. –Falei desligando em seguida,
olhei minha mala e senti um desanimo. Coloquei-a no chão, amanhã eu arrumaria
tudo, agora eu estava cansada, e com motivos. Peguei uma regata e um short de
lycra curto e fui para o meu banheiro. Ponto para o idiota do meu irmão, pelo
menos eu tenho um banheiro só para mim. Fiquei encantada com o banheiro, que
era espaçoso e além da ducha tinha uma banheira. Que eu estrearia outro dia.
Despi-me e liguei a ducha na água quente, metendo-me em baixo dela e tomando um
banho relaxante.
Depois
de me vestir e secar meus cabelos, eu resolvi descer, já que minha barriga
roncava. Cheguei à sala e logo fui para a cozinha, achando meus irmãos, que
pareciam ter uma conversa séria, que cessou assim que cheguei.
–Ih,
se a conversa parou o assunto chegou. –Disse e David rolou os olhos, se
levantando e indo até o microondas, tirando uma lasanha de lá e colocando-a na
mesa, enquanto Samanta sorria.
–Ligou
pra Ju? –Perguntou e eu acenei positivamente.
–Quesito
escola? –Inquiri e ela olhou para David.
–Tem
duas escolas, a da reserva e a de Forks, te inscrevi na de Forks, mas se você
não se adaptar pode ir para a da reserva. –Ele respondeu e eu franzi o cenho.
–Reserva?
–É,
La Push é uma reserva indígena, linda. –Samanta disse empolgada, rindo da minha
careta.
–Ainda
bem que vou para a escola de Forks. –Murmurei e depois virei-me para o projeto
de irmão. –Não era para você estar morando com o vovô? –Perguntei e ele deu de
ombros, colocando suco no meu copo.
–Ele
me expulsou de casa, dizendo que não queria um “jovem cheio de hormônios
bancando a babá dele”. –Recitou e eu gargalhei.
–Ponto
para o senhor Soleawa! –Ri um pouco mais, Drake Soleawa é o pai da minha mãe,
um homem que nunca saiu de La Push e que eu via muito raramente, já que ele não
gosta do meu pai – que eu vejo mais raramente ainda – e eu nem sei o porquê. O
familiar que eu tenho mais contato é, sem sombra de dúvidas, minha irmã, já que
minha mãe e meu pai eu só vejo uma vez por ano, mais ou menos.
Pessoas
acham estranho isso, mas eu já me acostumei, não posso dizer que eu não sinto falta
de uma figura materna para me aconselhar ou de uma paterna para me manter “na
linha”, mas mesmo assim eu não sentia aquela falta absurda, quase depressiva.
Dos meus seis até meus treze anos eu estudei em internatos – sendo que com nove
anos conheci Júlia, foi o melhor internato em que já fiquei – e acabei me
acostumando com a distância paternal. Apesar dessa distância eles se faziam
presentes, através de e-mails, ligações, mensagens, e sempre bancavam nossas
viagens, já que problema financeiro é algo que nós não temos.
–Amanhã
eu vou te levar para rever o vovô, ele adorou saber que a “netinha” dele iria
vir para cá. –Resmungou.
–Rá,
chupa essa David, ele me ama. –Gabei-me, eu sei, sou muito exibida quando eu
quero. E às vezes quando eu não quero também.
–Pode
até ser. –Ele disse e vi que Samanta ria do bico que ele fazia. Comi
tranquilamente minha “parte” da lasanha e logo depois fui até a sala de TV, sentando-me
no confortável sofá e ligando a TV.
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Quando
abri os olhos novamente percebi que estava no meu quarto, franzi o cenho,
provavelmente tinha pegado no sono vendo TV. Suspirei, fitando o teto branco. O
quarto estava com um escurinho extremamente convidativo para voltar ao meu
sono, olhei no relógio que tinha ao lado de minha cama e vi que eram 7:30 a.m.,
de um domingo. Suspirei, odiava
acordar cedo, fato, mas não sentia sono e sabia que seria inútil tentar voltar
a dormir.
Levantei
e peguei meu notebook, voltando para a cama e ligando o computador. Quando o
MSN conectou, dei graças por Júlia estar online, apesar da diferença de horário
ser de oito horas – acho. Logo engatei uma conversa animada com ela, com
direito a webcam ligada e microfone, o que me fez matar um pouquinho da saudade que eu sentia daquela idiota.
–.
–Ouvi a voz da minha irmã e olhei na direção da porta.
–Oi
Samy, tô falando com a Ju. –Disse virando o computador para que elas se
cumprimentassem.
–Beijo Jú. –Ela disse e Júlia respondeu
da mesma forma. –, dá tchau
pra ela, para você ir até a casa do vovô. –Falou e eu concordei.
–Você
não vai? –Perguntei franzindo o cenho.
–Vou
depois. –Ela disse e depois saiu, me despedi de Júlia, prometendo que iria
tentar voltar depois e ela disse que iria me cobrar isso. Olhei pela janela e vi
que o dia estava nublado, mas não frio. Coloquei um short curto e uma regata um
pouquinho larga, juntamente com minha rasteirinha, amarrei o cabelo em um coque
frouxo e desci para tomar café-da-manhã.
–Come
muito não, , foi o maior
perrengue te levar para cima. –David alfinetou e eu fechei a cara
imediatamente.
–Cala
a boca, idiota. –Rosnei para ele, mas mesmo assim diminui a quantidade de
comida. Subi e escovei os dentes, coloquei o celular e o fone de ouvido no
bolso, passei um lápis de olho e desci de novo. Logo eu e David estávamos em
sua Land Rover em completo silêncio, avançando pela rodovia que ligava Forks a
La Push, me perguntei se teria algum outro motivo para que nossa casa ficasse
entre as duas cidades, mas ignorei. Alguns minutos depois eu avistei um tipo de
vila, muito fofa, por sinal – e é um milagre eu dizer/pensar isso, já que não
gosto de lugares parados – e pequena, mas de aparência acolhedora.
Passamos
por uma das ruas – que parecia ser igual a todas as outras – para depois David parar
na frente de uma das maiores casas da vila, pelo que eu percebi, ela era de
madeira como as outras, pintada de um verde claro e bem cuidada. Observei um
homem alto e forte, com cabelos e olhos negros, mas com rugas e alguns fios
grisalhos adquiridos através dos anos. Pulei do carro e senti seu olhar sobre
mim, antes que ele abrisse um grande sorriso. Corri e o abracei, apesar de
vê-lo poucas vezes, sentia um carinho muito grande por meu avô materno – e
único, já que os pais de meu pai eram mortos.
–Oh,
princesa, você cresceu. –Meu avô disse me apertando contra ele.
–E
você tá bem conservado, hein vô? –Brinquei, arrancando uma risada dele. Virei
para trás quando percebi que meu irmão não tinha vindo até o vovô. –Aonde você
vai? –Perguntei.
–Visitar
uns amigos, passo aqui para te pegar daqui a pouco, OK? –Ele disse e eu
concordei, entrando em casa atrás de Drake.
–E
então , o que me contas?
–Ele disse se sentando e eu sorri animada, adorava narrar minhas viagens, e foi
isso que eu fiz. Claro que de uma maneira mais santa e menos louca, mas dava
para perceber que ele se empolgava com minha narração.
–E
você, senhor Soleawa? Tem namorada? –Perguntei divertida para ele, que – eu
juro – pareceu corar.
–Ah,
, até parece. –Ele disse e eu
ri. Minha avó havia morrido seis anos atrás e até agora Drake não tinha “se
arranjado” com ninguém, nem preciso dizer que eu apoiava a ideia dele se
relacionar com outra mulher, isso faria bem para ele.
–Hum,
sei... –Disse de modo desconfiado, arrancando um sorriso dele. Conversamos
calmamente e ele me contou que sua vida na reserva era muito calma e
confortável, mas quando perguntei se ele sabia o porquê de eu ter me mudado
para cá ele negou e mudou de assunto, parecendo desconfortável, o que me gerou
desconfiança, mas logo tratei de tirá-la da cabeça.
Olhei
no relógio e estranhei quando vi que já era meio dia, mas apenas acompanhei meu
avô até a cozinha, onde eu – com meus dotes culinários decentes – preparei uma
bela macarronada, digna de Roma, para ele.
–,
eu até diria que, por essa macarronada, você já pode casar, mas isso seria uma
mentira muito grande. –Ri do comentário dele, meu avô era bem protetor, o que
me agradava. É bom ser um pouco mimada.
–Vô,
o senhor sabe onde o Dave foi? –Perguntei e ele concordou.
–Na
casa da Sue, por quê? –Ele falou e eu cocei a nuca.
–É
que eu acho que ele me esqueceu. –Falei com sinceridade, era bem do feitio do
David esquecer sua preciosa irmã que
vos fala.
–Também
estava achando isso. –Ele confessou e eu abri a boca em falsa surpresa.
–E
não ia me falar nada?! –Ele riu
gostosamente e eu fiz cara feia, vi Drake se levantar e oferecer a mão, a qual
eu aceitei e me pus de pé também.
–Eu
te levo até a casa onde ele está. –Disse e nós saímos, sendo que ele não
trancou a porta da casa. –E já te apresento ao bando aqui de La Push. –Falou
desgostoso e eu concordei. –Mas cuidado com aqueles pirralhos, eles são muito
saidinhos pro meu gosto, e nem quero saber o que vão falar pra uma menina
bonita que nem você. –Sorri abertamente pelo elogio e estalei um beijo em sua
bochecha. Andamos pelas ruas – calma, ,
suspiro – quase desertas da reserva até estarmos na frente de uma casa quase do
tamanho da do meu avô. Ele olhou para mim e passou o braço pelos meus ombros,
apertando-os levemente.
Era
meio estranha a hora que nós conhecíamos pessoas novas quando nos mudávamos,
mas essa sensação nunca tinha me atingido. Era como um presságio – que eu
esperava ser bom – das coisas que iriam acontecer a partir do momento que eu
conhecesse essas pessoas.
Subimos
os degraus antes de entrar na casa sem qualquer tipo de cerimônia, eu estava um
pouco atrás do meu avô – que foi? Eu tenho o direito de agir com uma criança
indefesa e me esconder atrás da figura protetora do meu avô.
–Que
coisa feia, David, esqueceu sua irmãzinha lá em casa. –Meu avô ralhou, dando um
“pedala” na cabeça do meu irmão, que era facilmente identificado por ser o
único de cabelos claros no meio de tantos morenos – lindos e gostosos – que
eram quase iguais.
–Quem
disse que eu esqueci? –Ele retrucou virando-se para mim. –Deixei esse carma lá
de propósito. –Aproveitei que meu avô estava de costas e estirei o dedo do meio
para ele, que arregalou os olhos. –Olha os modos !
–Deixei
no Rio. –Retruquei calmamente e os meninos que estavam espremidos no sofá
riram. Ah, eu tenho que me lembrar de agradecer a Juba, achei os gatões que ela
me desejou.
–Essa é a sua irmã? –Um deles perguntou.
–É
sim, Embry, mas pode tirar seu cachorrinho da chuva. –Ele falou rapidamente e
eu arqueei uma sobrancelha. Meu irmão não faz o estilo ciumento.
–Ai
cara, eu só quero ser apresentado. –Ele resmungou e eu senti minhas bochechas
esquentarem de leve.
–Hum,
sei. –Agora meu avô! Jesus, eu tô achando que vou entrar em seca indeterminada
aqui! Ninguém merece!
–,
esses são Embry, Quil, Jared, Seth, Colin, Brady e Paul. –Apresentou
respectivamente os garotos – que repito: são muito lindos – e que eu não decorei o nome de quase nenhum. –Essa é
, uma doçura de garota,
caçula da família. –Complementou sarcástico e eu lhe acertei um tapa forte na
cabeça, aproveitando que meu avô tinha saído.
–Cala
a boca, seu energúmeno. –Rosnei para ele.
–Gostei
dela. –Uma voz feminina e sarcástica foi ouvida e eu me virei para dar de cara
com uma garota que lembrava muito a cantora do Pussycat Dolls, só que com os
cabelos mais curtos.
–Aleluia,
alguém que não se apaixona pelo idiota. –Comentei com um sorrisinho brincando
no canto dos lábios e ela andou até mim, fitando David com uma careta.
–Credo.
–Resmungou e eu sorri. –Sou Leah. –Estendeu a mão, a qual eu apertei, reparando
que era demasiadamente quente.
–,
irmã do traste. –Falei e apontei o “meio loiro” com a cabeça.
–Irmã
do “mini traste”. –Ela comentou com um humor meio negro e apontou para um garoto
muito bonito de cabelos negros, pele morena e olhos um pouco puxados, que
parecia ser um pouco mais novo que os outros.
–Nossa,
quanto amor por mim. –O garoto, que eu lembrei que se chamava Seth, disse
sarcástico. Ele parecia ser um garoto legal, então devia se tratar de
implicância entre irmãos.
–Vamos
fundar uma sociedade “Irmãs Desnaturadas e Simpatizantes”. –David disse,
espalmando as mãos no ar como se já visse o nome da sociedade escrito.
–E
eu vou fundar uma chamada “Irmãos Idiotas e Que Necessitam de Transplantes
Cerebrais”. –Retorqui seca e Leah gargalhou.
–Alguém
que não tem testosterona! –Comemorou me fitando.
–Essas
duas juntas não vão prestar. –Embry previu e eu sorri para ele.
–Qual
é? Vai dizer que até você se
apaixonou pelo meu irmão? –Alfinetei e ele contorceu a face em uma careta.
–Credo.
–Resmungou fazendo uma cruz com os dedos e arrancando risadas de todos.
–Oh,
mas como ela está grande! –Ouvi outra voz feminina exclamar e me deparei com
uma mulher muito parecida com Leah, só que com algumas rugas e alguns fios
grisalhos em meio aos negros. –Acho que você não está lembrada de mim. –Ela
disse. Correto! –Sou Sue Clearwater. –A mulher me envolveu em um abraço e eu
fiquei meio sem jeito, ok, totalmente sem jeito, é muito estranho alguém
“desconhecido” te abraçar.
–Er,
prazer. –Disse e ela sorriu, me “libertando” e virando-se para os meninos.
–Filho,
vai até a casa do Billy e traga-o aqui. –Sue pediu e vi Seth se levantar,
concordando e parecendo animado. –Obrigada. –Ela sorriu para ele assim que o
garoto parou a porta.
–Hum,
quer vir ? –Sugeriu e eu,
sem saber muito bem o que dizer, concordei e fui até ele. –E então, de onde você veio? –Ele perguntou
assim que viramos a esquina da rua.
–Do
mundo. –Falei e ele riu levemente. –Eu costumava viajar muito com minha irmã,
tipo, ficar apenas um ou dois meses em um lugar e já ir para outro. –Continuei
e senti que ele me olhava, mas não fiz nada, já que estava muito perdida nas
minhas lembranças. –Daí, um belo dia, ela decidiu que nós viríamos para cá.
–Tentei não demonstrar meu desgosto por essa decisão, já que Seth estava
tentando ser legal, pelo que me parecia. –E cá estou eu. –Concluí e sorri para
ele, de uma forma um pouco forçada, admito.
–Deve
ser legal. –Ele comentou e eu concordei.
–Seth,
aqui é sempre tão... Nublado? –Perguntei, tentando mudar de assunto, ele riu e
concordou.
–Geralmente.
–Confirmou e eu bufei.
–Vou
virar uma vela. –Resmunguei e depois o fitei. –Como vocês são tão morenos mesmo que não faça muito Sol
aqui? –Pergunta tosca, eu sei, mas era estranho.
–Deve
ser genética. –Ele deu de ombros. –E então, você vai estudar na escola da
reserva? –Ele mudou de assunto de propósito ou foi impressão minha?
–Nem.
–Disse e continuei andando ao lado dele, que me guiava pelas ruas da pequena
cidade. –Escola de Forks. –Falei e ele concordou. O ano já havia começado, para
ser mais exata, dois meses de aula já haviam passado. –Mas se eu não me
“adaptar” eu provavelmente vou para a da reserva. –Complementei e ele concordou
com a cabeça.
–Eu
tenho uma amiga na escola de Forks. –Ele disse, parecendo animado. –O nome dela
é Renesmee Cullen. –Completou e eu concordei, tentando não fazer uma careta e
gargalhar ao ouvir o nome. –Acho que vocês se dariam bem. –Comentou e logo parou
na frente de uma casa de madeira pintada de vermelho.
Algo
dentro de mim se agitou quando uma brisa me trouxe um cheiro amadeirado e ao
mesmo tempo em que lembrava chocolate, um cheiro muito bom, e eu me senti
acolhida. OK, agora é oficial: cidades pequenas mexem com minha sanidade.
Seth
me puxou pela mão quando percebeu que eu não me movia e entrou na casa sem
cerimônias, onde um homem muito parecido com meu avô estava, só que sentado em
uma cadeira de rodas.
–Oi
Billy. –Ele disse e o senhor se virou para nós.
–E
aí pirralho? –Cumprimentou sorrindo. –Quem é a moça? –Perguntou e Seth me puxou
mais para frente.
–Billy,
essa é a ,
esse é Billy Black. –Nos apresentou e eu apertei sua mão, sorrindo meio tímida.
–Irmã do David. –Completou e vi que o tal Billy rolou os olhos.
–A
famosa. –Brincou e eu dei de ombros.
–Fazer
o quê se meu irmão me ama? –Disse quase que em um reflexo, arrancando risadas
dos dois.
–Minha
mãe mandou eu te chamar, tá rolando uma reunião lá em casa. –Ele disse e se
dirigiu até as costas de Billy.
–Bem,
já que não estou fazendo nada importante... –Ele deixou a frase no ar e eu vi
Seth começar a empurrar a cadeira de rodas.
–E
quando o Jake volta? –Seth perguntou animado.
–Hoje
à noite, para o bem dele. –Nós dois rimos do tom subitamente “sério” e “ameaçador”
dele. –Amanhã ele tem escola e eu já perdoei um ano. –Completou e vi, pelo
canto do olho, que Seth concordava.
–Está
certo, ele é muito preguiçoso quando quer. –Comentou desviando a cadeira de um
pequeno buraco no caminho. Eu nem estava boiando na conversa, mas tudo bem, eu
já estou acostumada. Depois do momento “falem
do que eu não faço a mínima ideia do que seja, que eu finjo que eu estou
interessada nas pedras da estrada” nós chegamos novamente na casa onde
acontecia a “reunião”.
__________________________________________
–Já
tirei seus materiais da mala, eles estão em cima da cama. –Samanta me avisou,
assim que eu, ela e o meu outro “irmão” entramos em casa.
–Já?
–Perguntei indiferente, jogando-me no sofá.
–Claro,
ou você ia deixar para arrumar tudo amanhã antes de ir? –Ela retorquiu.
–Podia
se... O QUÊ?! –Eu pulei do sofá, assustando David e arrancando uma gargalhada
da desnaturada da Samy. –Como assim “amanhã”?
–Ué,
o que tem demais? –David se intrometeu e eu o fuzilei com os olhos.
–Tem
é de menos! Menos tempo para minha
crise de moda! Fui. –Falei antes de disparar até meu quarto, abrir a porta do meu
closet e me sentei no pequeno sofá que tinha lá, pensando. Fiquei uma boa meia
hora resolvendo que roupa eu vestiria no dia seguinte e depois fui estrear
minha banheira linda.
O
pequeno, mas extremamente relaxante, choque térmico, amoleceu meu corpo inteiro
e logo eu me peguei pensando na tarde – pasmem – agradável que eu passara. Aqui
todos pareciam fazer parte de uma grande família, um grande bando. Isso me
lembrou de quando eu comentei isso do bando, eles apenas riram, se entreolharam
e disseram “você não tem ideia do quanto!”. O que era, obviamente, uma piada
particular entre ele que me fez ficar, novamente,
boiando na conversa. Repito que já estou acostumada com isso. Mesmo com essa
“piada interna” que euzinha aqui não entendi, eles – os meninos mais novos
principalmente – fizeram eu me sentir acolhida, como se já fosse de casa. E de
certo modo eu sou, não é? Minha mãe e os pais dela são nativos...
Um
trovão soou ao longe, ao mesmo tempo em que ouvi um uivo distante. Tudo bem que
a cidade é de interior, mas uivo já é
demais. Sai da banheira, me enrolando na toalha e molhando o chão por onde eu
passava, mas estava tudo bem. Coloquei meu short curto e minha regata,
prendendo o cabelo para escovar os dentes.
Andei
– melhor, arrastei meus pés – até a escrivaninha onde estava minha bolsa e
coloquei todos os materiais dentro dela. Bem, eu gosto de estudar – e é
verdade, sem ironia – então eu ficava ansiosa, já que eu nunca tinha estuda nos
EUA, já que sempre vinha para cá durante as férias, mas tudo bem.
Parei
em frente ao espelho de corpo inteiro que tinha no meu quarto e sorri
minimamente. Uma coisa era certa: papai do céu, valeu pelos meus dotes físicos.
Eu, que era bem gordinha até certa idade, estava muito bonita agora. E
agradecia isso intimamente. Peguei meu hidratante – que minha mãe me mandou de
presente e que eu amava, já que tinha cheiro de maracujá e lembrava o Brasil –
e comecei a passar, ouvindo outro trovão ecoar entre as árvores da floresta.
Fui
até a janela, que estava aberta, com intuito de fecha-la antes da chuva
realmente cair. Deixei meu olhar se perder na mata do outro lado do rio, com a
impressão de estar sendo observada intensa dentro de mim, estreitei os olhos,
mas não vi nada. Balancei a cabeça para tirar aquelas ideias de dentro de mim e
fechei a janela, apagando as luzes antes de me deitar.
______________________________
N/A: Pois bem meninas – se alguém estiver lendo – aqui está o primeiro capítulo!
Ele está relativamente pequeno, mas a tendência é aumentar.
Espero que vocês estejam gostando, mesmo estando no começo.
Por favor, comentem!
Beijos.
O-M-G PÂMELA SAMARA VICENT... OK NÃO VOU FALAR SEU NOME TODO AQUI OK? KKKK Tu sabes como eu amei a fic né? O blog tá muito me gusta *-* Dá ele pra mim? o.o E ai quando sai o próximo cap? Oi, quero pegar o Jake logo, beijos.
ResponderExcluirSem presente fora de época para você Lyli, já que você está de castigo. Logo ele tá aqui, nega. Beijos.
ExcluirNuss, essa fic é DIVINAAAA!!!
ResponderExcluirEstou encantada!!! Você está de parabéns, escreve muito bem e a estória já me conquistou, estarei sempre por aqui, pode acreditar.
Amandoooooo, bjssss!!!