segunda-feira, 9 de julho de 2012

Capítulo II – Rainha.




Alvorecer


  

Capítulo II  – Rainha.

P.O.V.

OK, eu acho que tá bom, visual meio roqueira, mas tudo bem, melhor que à la Taylor Momsen – que eu confesso, me invade quando estou de mal humor – no primeiro dia de aula em uma escola onde Judas ficou careca. OK, tenho que parar de pensar assim, não gosto de ofender quem não merece e se isso escapa em voz alta, eu não vou ganhar o prêmio de Miss Simpatia do ano.

Joguei a bolsa sobre o ombro e desci as escadas apressada, jogando minha bolsa no sofá e indo para a cozinha, onde Samanta – toda arrumadinha – e um David – com cara amassada e de pijama – já estavam.

— Ah não! — David exclamou e eu o fitei confusa. — Você não vai pra escola com essa calcinha. — Ele indicou meu short e eu o fitei descrente.

— Ah, cala a boca! — Mandei tentando não rir. — Você não faz o tipo irmão protetor e ciumento. — Afirmei e ele bufou, cruzando os braços e se recostando na cadeira.

— Faço que tipo de irmão, então? — Ele indagou.

— O tipo que “esquece” a irmã e que não dá nem bola pra ela. — Respondi rolando os olhos e me sentando ao lado de Samanta.

— É isso aí! — Samy disse rindo e bagunçando meus cabelos lisos e longos. — E ela tá linda, Dave! — Disse e eu rolei os olhos.

— Exagerados. — Acusei bufando, tomei café da manhã e subi para escovar meus dentes e passar pó, lápis de olho, um blush fraquinho e um gloss. Olhei-me novamente no espelho e arrumei a barra do short. Meu look estava impecável.

Desci e vi que minha irmã me esperava encostada na porta e com a mochila na mão.

— Atrasada. — Cantarolou e eu passei praticamente a jato, peguei minha mochila e entrei na Land Rover, que ela dirigiu do modo dela – Veloz e Furiosa nas ruas de Forks/La Push – até a escola. — Tchau, boa sorte. — Ela me deu um beijo na bochecha e me enxotou do carro.

OK. Respira . Sem crise, sem piti, sem faniquito... PELO AMOR DA LADY GAGA! EU TÔ MUITO AFETADA! Controlei o impulsei de me esbofetear e segui até o prédio da escola de Forks. Andava pelo estacionamento e os olhos dos alunos curiosos – se fodam, por favor – me acompanhavam até que eu entrei no prédio, parei. GPS, por favor! Antes que eu desse “aloka”, senti alguém se aproximando.

— Você deve ser Natalier, a aluna nova. — Um garoto com os cabelos loiros jogados nos olhos, gato pacas – mas não tanto quanto os “minos” de La Push – estilo Zac Efron sorriu para mim. — Sou Damen Jobs. — Ele apertou minha mão.

. — BURRA! — Mas você já sabe. — Resmunguei e ele riu levemente. — Você pode dizer onde é a secretaria, é que eu tenho que pegar meus horários. — Pedi.

— Eu te levo lá. — E o senti pousar a mão nas minhas costas e me guiar pelos corredores até a secretaria. Damen abriu a porta para mim e eu passei, escutando o sinal soar eu me virei e o vi parado. — Eu te espero, vou ser seu guia turístico. — Ele piscou para mim e eu concordei, lhe lançando um sorriso pequeno. Virei-me para a garota ruiva que estava do outro lado do balcão e que olhava abobada para Damen, rolei minimamente os olhos, enquanto ela disfarçava.

— Os horários do segundo ano. — Pedi.

— Ah, sim. — Ela falou e remexeu no computador. — , não é? — Concordei. — Assina aqui. — Pediu e eu me adiantei, pegando a caneta que ela me oferecia e assinando, enquanto ela imprimia meus horários.

— Valeu. — Falei quando a garota me entregou a folha, ela sorriu e eu girei até ficar em frente à Damen, que arqueou as duas sobrancelhas e deu de ombros, mordi o lábio prendendo o riso e nós dois saímos de lá. — Abalando corações. — Comentei.

Que foi? Eu disse que meu normal era não ser envergonhada e “ganhar” intimidade das pessoas rapidamente.

— Sou inocente. — Brincou, mas logo desviou sua atenção para meu horário. — Biologia. — Leu e virou no corredor, comigo do seu lado. — E então, você é um mistério, sabia? — Ele comentou divertido.

— Obrigada. — Sorri para ele, que riu levemente.

— Gosta de ser misteriosa? — Eu dei de ombros e concordei. — Então veio morar no lugar certo. — Comentou abrindo uma porta e piscando para mim. — Desculpa professor, novata. — Disse e eu entrei em sua frente.

— Hum, desculpado. — Falou e observei-o sentar-se ao lado de um garoto com traços orientais e cabelos negros, que também era bonito. — Bem vinda , sou o professor de Biologia. — Um coro de “sério?” se instalou pelo local, fazendo-o rir. — Sr. Molina. — Ele disse e eu concordei. — Você pode fazer dupla com... — Ele passou os olhos pela turma. — Heloísa. — Disse e eu me virei para me deparar com uma garota de cabelos quase tão ruivos quanto os de Déborah e os olhos extremamente azuis, ela sorriu para mim enquanto tirava os livros do lado em que eu sentaria.

— Heloísa Hankem. — Cumprimentou.

Natalier. — Disse e ela sorriu, apertando minha mão.

— Gente, ela é mais bonita que eu e eu sei disso, mas vamos prestar atenção aqui! — Sr. Molina pediu, me fazendo corar e agradecer, já que todos os alunos desviaram sua atenção de mim para ele.

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— Adorei suas botas. — Heloísa disse enquanto nós recolhíamos nossos materiais.

— Valeu. — Disse rindo e lembrando-me da indecisão pela bota ou por um saltinho.

— Teve crise de moda antes de sair de casa? — Perguntou divertida e eu concordei.

— Faz parte. — Comentei e ela riu, balançando a cabeça afirmativamente.

— Sério, os meninos vão ficar loucos por você. — Ela disse e eu rolei os olhos.

— Até parece Helo, com certeza tem meninas muito mais bonitas que eu aqui. — Discordei e ela deu de ombros, abrindo a porta.

— Ah , até tem, mas eu acho você mais bonita que a Miss Forks. — Helo disse com uma careta.

— E quem seria essa superstar? — Indaguei curiosa. Eu e ela até que tínhamos nos dado bem, o que explicava o uso dos apelidos.

— Renesmee Cullen. — Um arrepio perpassou por minha espinha, era a mesma garota que Seth dissera que poderia ser minha amiga. OK, algum dos dois não tem a mesma opinião que eu... — A “rainha” da escola desde o começo do ano. — Continuou Heloísa, não percebendo meu desconforto.

— Um amigo meu disse que ela é legal. — Tentei parecer desinteressada enquanto atravessávamos o corredor.

— Que amigo? — Ela inquiriu, desconfiada.

— Um amigo de La Push. — Disse dando de ombros.

— É, alguns dizem que ela é bem legal, mas comigo não é assim. — Ela parou na frente de outra porta. — Agora só resta você dar seu veredicto. Como será que a “muy bipolar” Renesmee Cullen será com você? — Falou deixando transparecer a curiosidade.

— Não tenho curiosidade. — Disse sincera.

— Ok então. — Deu de ombros e nós entramos em outra sala de aula.

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O sinal soou estridente, me dispersando da tediosa aula de história – que eu já havia aprendido – e indicando que o almoço iniciaria.

— Horário critico, não é? — Damen parou ao meu lado e eu concordei.

— Aqui também tem a divisão das mesas? — Perguntei me levantando e juntando meus materiais.

— Claro, estamos nos Estados Unidos, boneca. — Heloísa disse ao meu lado. — Qual o número do seu armário? — Ela indagou e eu peguei um papelzinho.

— 108. — Disse e observei ela olhar Damen, que deu de ombros.

— Nós te levamos lá. — Ela disse e saiu, guiando-me pelos corredores.

— Um mapa da escola cairia bem. — Brinquei e eles riram.

— Passa na secretaria, acho que a moça se esqueceu de te entregar. — Heloísa informou.

— É, ela devia estar muito ocupada comendo o Damen com os olhos. — Informei falsamente indiferente, arrancando uma gargalhada da ruiva e um resmungou do loiro.

— Aqui. — Helo disse parando e indicando o armário, abri-o agilmente, colocando meus materiais lá dentro, depois que fechei nós nos dirigimos – finalmente (?) – até o refeitório. Segui atrás de Damen na fila para encher minha bandeja com o almoço e depois nós três caminhamos até uma mesa que ficava um pouco afastada do centro e nos sentamos.

— Esses são Hiley e Joshua. — Damen apresentou-me a uma garota com os cabelos ocres e enrolados, presos em um rabo de cavalo, a pele branca e os olhos castanhos, simples e bonita. O tal Joshua tinha os cabelos negros bagunçados e olhos verdes, o corpo atlético, mas não tanto quanto o dos meninos de La Push — caracas! Eu vou ficar comparando qualquer garoto com os meninos do “bando”?

— Belê? — Joshua disse, me analisando com os olhos, não me intimidei e fiz o mesmo com ele, dessa vez mais descaradamente.

— Belê. — Falei.

— Josh. — Disse ele e eu sorri.

. — Dei de ombros e fitei Hiley.

— Oi. — Disse sonolenta.

— Liga não, ela só acorda de verdade depois de almoçar. — Heloísa informou e eu ri.

— Tenho um pouco de dificuldade também. — Confessei e logo uma conversa se instalou na mesa, eles perguntavam sobre mim e eu respondia, mesmo que de um modo meio evasivo. Do nada, Joshua soltou um assobio baixo e arrastado.

— Abram alas para a Rainha R. passar. — Heloísa cantarolou e eu virei à cabeça para poder ver uma garota se encaminhar até a mesa que ficava no meio do refeitório.

Ela era linda, absurdamente linda. Os cabelos acobreados caiam em cachos até pouco abaixo dos ombros, a pele branca com as bochechas coradas. A elegância com que ela andava fez eu me sentir o ser mais desengonçado da face da Terra, assim como seu físico fez com que eu me encolhesse rapidamente.

A tal Renesmee virou a cabeça na direção da mesa onde eu estava com meus possíveis futuros amigos e seu olhar encontrou o meu e algo quase insano aconteceu.

Com a mesma rapidez que o sentimento de inferioridade havia me invadido, um sentimento não identificado me tomou, fazendo-me sustentar o olhar daquela garota, algo dentro de mim praticamente rugia para não dar a “guerra” de bandeja para ela. Porque era isso que iria acontecer, uma guerra. Nossos santos não bateram e uma rivalidade se instalara sem nem trocarmos uma palavra.

Ela desviou o olhar e balançou a cabeça, como se estivesse se divertindo com a “encarada” que nós trocávamos de modo tão firme. A garota puxou a cadeira e sentou-se, começando a conversar com os companheiros de mesa. Virei-me para meus acompanhantes, posicionando meu olhar sobre Heloísa.

— Acho que sua pergunta foi respondida, não? — Comentei mordendo minha maçã verde e ela riu, balançando a cabeça.

— Ir contra Renesmee Cullen não é algo muito inteligente. — Hiley falou, pela primeira vez, de modo indiferente.

— Como se eu não tivesse percebido que essa é a mesa “Anti-Renesmee”. — Comentei e ela deu de ombros, como se deixasse claro que tentara me avisar.

— Bem-vinda ao grupo. — Damen fez piada e eu sorri para ele, sentindo que alguém – leia-se Renesmee Cullen – me observava.

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— Não se esqueça de trazer roupa para deixar aqui por causa da Educação Física. — Heloísa relembrou e eu concordei, pegando os livros que eu teria que levar para casa por causa das tarefas. — Tchau. — Deu-me um beijo no rosto.

— Tchau Helo. — Disse e depois a acompanhei com o olhar até a saída. Lembrei-me que tinha que passar na secretaria para pegar o mapa da escola. Fechei meu armário depois de pegar tudo o que eu precisava e andei velozmente na direção que eu achava que levava até onde eu queria chegar.

Isso foi compreensível?

Assim que virei no corredor trombei com algo quente, fazendo-me ir ao chão e o que quer que estivesse no meu caminho também.

— Não olha por onde anda, não? — Uma voz aveludada rosnou e eu levantei os olhos para fitar Renesmee Cullen tirar os cabelos cor de bronze do rosto.

— Desculpe, mas eu não sou a única que tem olhos aqui. — Retorqui me levantando e observando-a fazer o mesmo.

— Para uma aluna nova você é bem saidinha. — Comentou me fazendo morder a língua para não soltar um “você nem imagina o quanto”.

— Para uma “Rainha” você fica muito bem estatelada no chão. — Devolvi com um sorriso falso e eu juro que a vi segurar um sorrisinho de canto. Mas eu já disse que cidades interioranas me afetam. — E se você me der licença, tenho mais o que fazer. — Disse antes de continuar meu caminho. Pensei que ela seguraria meu braço e me ameaçaria, mas ela apenas soltou um riso baixo de escarnio e saiu desfilando pelo corredor.

No final das contas eu consegui pegar o mapa da escola – coisa idiota, eu sei – e me dirigi para o estacionamento, onde a Land Rover branca e conhecida estava. Entrei no carro e logo Samanta se virou lentamente para mim, com uma expressão sonsa e vazia.

— CONTA! — Gritou e eu comecei a rir. — Gatos? Professores chatos? Escola podre? Alguma amizade? Alguma sem noção? — Concordei com a cabeça e comecei a relatar meu dia, arrancando bons palavrões de Samy quando narrei minha pequena – e, eu sabia, decisiva – conversa com a “Rainha” da escola de Forks. — OK, continua depois. Sobe. Se troca. Desce. Nós vamos até Port Angeles. — Ela me interrompeu quando chegamos em casa.

— Fazer o quê? — Indaguei abrindo a porta do carro e desembarcando.

— Nós vamos nos matricular na academia. — Ela disse e eu abri meu maior sorriso e já iria abrir a boca para bajulá-la, mas Samy levantou uma mão, me interrompendo. — E eu preciso de um carro, o Dave já tá me enchendo por dirigir o “neném” dele. — Fez uma careta e eu rolei os olhos, abrindo a porta de casa e subindo rapidamente para meu quarto.

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Jacob P.O.V.

Assim que desliguei a moto e corri para a casa dos Cullen – ainda bem que o cheiro já estava se tornando suportável, na medida do possível – escutei os passos de Renesmee, ela descia as escadas da casa rapidamente e logo se jogou sobre mim, me abraçando.

— Vocês se viram ontem, essa melação é exagerada. — A voz de Rosalie soou do andar de cima e eu rolei os olhos.

— Boa tarde para você também, loirinha. — Ouvi claramente ela rosnar e soltei uma risada, fitando Nessie que tinha um sorriso estampado no rosto.

— Vem. — Ela me puxou para fora.

— E a Bella e seu pai? — Eu perguntei e ela me repreendeu com o olhar por não falar “Edward”. O que eu posso fazer se certos hábitos nunca mudam?

— Estão em casa fazendo sei lá o quê. — Ela fez uma careta e eu gargalhei.

— Renesmee, você sabe o que eles estão fazendo. — Nessie me olhou com a vista estreitada, desafiando-me a dizer em alto e bom som. — Eles estão estudando! — Ela riu e eu passei meu braço por seus ombros. Senti um sorriso maroto nascer em meus lábios e sussurrei em seu ouvido: — Anatomia.

— OK! Que nojo! Sem mais detalhes! — Gritou histérica, obrigando-me a rir de novo. — Mas então, você realmente gostou de visitar os Denali? — Por incrível que pareça eu visitei um clã de vampiros.

No Alaska.

— Eles são simpáticos. — Admiti em um resmungo e ela rolou os olhos.

— Principalmente a Carmen, não é? — Se empolgou e eu concordei com sinceridade. — Ela é muito legal comigo, sempre foi, e você tem que ver as compras que ela, eu, a tia Alice e a tia Rose fizemos...

— O que você está me escondendo? — Interrompi, sentando-me na orla da floresta e puxando-a para meu lado. Nessie estava falando demais e ficava mexendo as mãos compulsivamente.

— Quê? Nada, Jake. — Ela já ia recomeçar a falar sobre compras, mas eu fui mais rápido.

— Quando você começa a tagarelar, mais do que o normal, é porque alguma coisa te estressou. — Afirmei, enrolando um cacho do seu cabelo em meu dedo. Ela soltou um suspiro. Hora de preparar meus ouvidos para um relatório.

— Entrou uma garota nova na escola. — Ela comentou e eu murmurei em consentimento. — Uma tal de Natalier. — Ela fez uma careta e eu suprimi uma risadinha, ela ficava linda irada. — Garota metidinha a gostosa. — Resmungou.

— Como assim? — Perguntei e Nessie bufou.

— Os garotos ficam babando ela, deve ser porque ela é carne importada. — Fui obrigado a rir do jeito que ela falou.

— Carne importada? — Ecoei.

— Brasileira. — Explicou.

— Me mostra ela. — Pedi e, rápido de mais, Renesmee bufou, levantando-se.

— Pra quê? — Perguntou com as mãos na cintura e uma pose severa.

— Ora, pra ver se eles estão precisando de um oftalmologista ou não. — Respondi.

— Eu não vou te mostrar ela! — Afirmou resignada.

— Como se eu fosse achar uma garota mais linda que você. — Falei e ela fez bico, puxei-a pela mão, acomodando-a novamente ao meu lado.

— Eu sei que não, mas não vou mostrar. — Resmungou e eu resolvi não insistir.

— O que te levou a ter esse ódio prematuro? — Indaguei divertido.

— Para de fazer piada Jacob. — Exigiu. — Eu só não fui com a cara dela, e nem ela com a minha, isso ficou muito óbvio pela educação com que ela me respondeu. — Ela tocou minha mão e a conversa das duas me foi passada, mesmo que sem nenhuma imagem da novata. Entendi o porquê das duas não terem se dado, Renesmee era mais geniosa que Bella e odiava ser desafiada – mesmo que o desafio fosse coisa de sua cabeça – ou confrontada direta ou indiretamente e essa garota tinha feito tudo, e o pior é que não era coisa da cabeça da Nessie.

— OK, só não mate a garota. — Falei e ela fechou a cara. — Sabe o que eu acho Nessie? — Falei completamente ciente de que estava cutucando a fera com vara curta, literalmente. — Você não gosta de concorrência.

— Diz uma novidade. — Pediu seca e eu rolei os olhos.

— E você está achando que ela pode te tirar a “Realeza”. — Resmunguei, ela sabia que eu não aprovava essa hierarquia adolescente que era presente na vida dos alunos de Forks e de tantos outros lugares. E eu sabia que isso era divertido para ela, por um motivo não entendível, mas era algo que deixava a vida dela movimentada. Pode parecer estranho, mas por um ano – desde a quase batalha com os Volturi – a nublada cidade e a reserva estavam anormalmente calmas.

— Ah Jake, eu sei que você não vai entender e que não vai adiantar eu tentar te explicar. — Ela disse indiferente e eu concordei. Alguns segundos depois nós viramos nossa cabeça na direção da floresta, Bella e seu marido (ok, Edward) saiam de lá e andavam até nós.

— Hey Jake. — Bella disse sorrindo para mim.

— Hey Bells. — Respondi e cumprimentei Edward com um aceno de cabeça. Pela cara dele ele vasculhava minha mente em busca de alguma pista do que eu havia feito com a filha dele, revirei os olhos e Bella o cutucou de leve, depois o repreendendo com o olhar. Edward Cullen era um pai ciumento demais. E isso que eu sou o melhor amigo da Nessie.

— Foi para a escola, Jacob? — Ele indagou seco e eu rolei os olhos.

— Sim. — Disse em tom monótono.

— Então você também deve ter tarefa pra fazer. — Edward comentou e eu suspirei, se ele não fosse pai do meu imprinting eu poderia até testar sua paciência, mas não era uma boa hora para isso. — E a Renesmee também. — Completou fitando-a, que rolou os olhos.

— Manda ele embora de uma vez. — Nessie resmungou e Bella e eu abrimos um sorriso.

— OK então, vaza daqui Black. — O sanguessuga falou em um tom “ameaçador”.

— Tchau Nessie. — Dei-lhe um beijo no topo da cabeça. — Tchau Bells. — Abracei-a e depois parei em frente ao meu futuro sogro, ele rosnou ao ler meus pensamentos e eu saí rindo da cara dele.

— Até que enfim, achei que o cachorro ia fazer casinha aqui. — A voz debochada de Rosalie chegou aos meus ouvidos.

— Que mau humor, loirinha! — Falei andando de costas, olhando a vampira oxigenada e ela rosnou ameaçadora. — O Emmet não dá conta do recado pra te deixar com esse mau humor? — Fui obrigado a sair correndo quando ela fez menção de avançar em mim, mas quando estava na moto mandei um beijinho pra ela, que soltou um gritinho histérico.

Acelerei em direção a La Push, como havia chegado tarde ontem os meninos não tinham me visto, então era muito óbvio que eu levaria uma bronca digna de mãe. Se Bella ainda fosse humana diria que eu havia dirigido feito um louco, mas é legal dirigir feito um louco. Estacionei na frente da casa de Sue, podia ouvir a balburdia lá dentro. Andei devagar e sem fazer barulho, aproveitei que todos estavam na cozinha e de costas para a porta para encostar-me a soleira e ouvir a conversa.

— E o que é aquilo, Jesus! — Ouvi Embry dizer animado e sorri, meu amigo continuava mulherendo. — ‘Cês viram aquela bunda?! — Prendi uma risada com a onda de exclamações entusiasmadas.

— Eu estava ocupado vendo o sorriso dela. — Collin disse dramaticamente.

— Esse aí tem vocação pra dentista! — Seth zoou e desviou de uma batatinha jogada nele.

— Cala a boca, vai dizer que o sorriso dela não é bonito? E a gargalhada dela, então! — Collin continuou e eu balancei a cabeça negativamente. Bando de tarados.

— Ela é toda linda e ponto! — Paul falou.

— Espero que minha irmã não escute isso! — Falei sério, fazendo todos se sobressaltarem. — Ouviu Lahote? — Indaguei me fingindo de bravo e ele concordou.

— Fica tranquilo, cara. — Disse indiferente e depois Seth, Brady e Collin voaram em cima de mim com muitos “E aí Jake?”, “Visitou os sanguessugas?” e “Demorou cara!”, além de “Tem novidades na área!”.

— Calma! Eu sou só um! E estou com fome! — Ri deles e me aproximei da cozinha, fazendo o resto do pessoal torcer o nariz. — Tô com cheiro de vampiro né? — Perguntei desgostoso, fungando em meu ombro. — Essa coisa fica impregnada! — Reclamei e eles praguejaram enquanto concordavam. — E então, quem é a garota que fez o Collin querer ser dentista? — Indaguei curioso.

— Ah Jake, vai se...

— Olha a boca, pirralho! — Ralhei lhe dando um tapa em sua nuca, ele resmungou, mas ficou quieto.

— Ah, é a irmã do Dave. — Jared começou a contar enquanto olhava no relógio, provavelmente esperando a hora de ir ver Kim, o sogro dele também era linha dura. Agora que eu me toquei! Natalier!

? É esse o nome dela? — Perguntei indiferente.

— Como você sabe? — Embry perguntou espantado.

— Relaxa cara, é que a Nessie tava falando dela. — Disse e Seth abriu um sorriso.

— As duas se deram bem?! — Perguntou animado, coloquei a mão em seu ombro e neguei com a cabeça, com falso pesar.

— Sinto frustrar suas expectativas, pequeno Seth. — Os mais velhos riram do “pequeno Seth” e da careta que ele fez. Sim, eu adoro provocar os pirralhos.

— Sério que não? — Ele perguntou, ignorando os comentários e eu neguei, relatando o relato (frase estranha) de Nessie.

— Que pena. — Brady falou, mandando goela a baixo um dos bolinhos que Sue havia feito e deixado para nós.

— Mas então você já a viu. — Neguei novamente com a cabeça e eles franziram os cenhos.

— Nessie não quis me mostrar, como se eu fosse achar qualquer garota mais bonita que ela. — Disse e eles se entreolharam.

— Cara, que Kim não me ouça, mas essa irmã do David é um furacão. — Jared confessou, me pegando de surpresa. Desde quando caras que sofreram o imprinting tem olhos para outras garotas?!

— Como assim? Jared, você teve um imprinting! — Relembrei como se falasse com uma criança e ele rolou os olhos.

— Nossa, havia me esquecido disso! — Retorquiu sarcástico.

— Mas quem sofre imprinting não olha para outras garotas. — Continuei e o vi dar de ombros.

— Essa garota é diferente, estranha. — Quil comentou.

— Como todos da família, deve ser algo genético. — Brady caçoou e nós rimos, realmente David não era o mais normal dos seres.

— É tão estranha que até a Leah gostou dela. — Me engasguei com o suco quando Paul falou isso e tive que receber alguns tapas de Quil para desengasgar.

— Quê?! — Perguntei sem ar, olhando para Seth, que concordou. — OK, essa garota é estranha demais. — Conclui confuso.

— Até para os padrões Natalier? — Embry perguntou e eu concordei.

— Fiquem de olho nela, vou falar com Sam. — Avisei e deixei-os sozinhos e confusos. Corri até a casa de Emily e Sam e avisei que estava chegando através dos “gritos” Quileutes. Logo Sam aparecia na varanda, me olhando de forma curiosa.

— Emily não está em casa, ela saiu com Claire. — Falou antes que eu perguntasse, assenti sentindo as perguntas recomeçarem a metralhar minha mente fervorosamente.

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P.O.V.

— Ah, o David vai pirar. — Cantarolei animada, observando o carro que minha maninha havia comprado e que estava estacionado no lado de fora do McDonald’s.

— Eu sei! — Ela falou rindo cúmplice para mim. — Mas me conta, o que você vai fazer em relação a tal Renesmee? A propósito, ô nomezinho estranho, não? — Comentou e eu concordei, desviando o olhar do Jaguar C-X75 concept prata, para minha irmã.

— Não vou fazer nada. — Falei bebendo um pouco mais do meu milk-shake, Samanta me olhou com uma expressão de peixe morto.

— Ah tá! — Falou rolando os olhos. — E eu sou o palhaço do McDonald’s! — Continuou e eu olhei para cima, entediada. — Conta vai! — Pediu manhosa e eu suspirei, concordando.

— Podemos dizer que Renesmee Cullen precisa de um choque de realidade. — Comentei cumplice.

— Uh, novidades nessa vida, graças a Deus. — Empolgou-se ela e eu não pude evitar sorrir, parecia que ela era mais nova que eu muitas vezes. — Mas agora você precisa de roupas para as aulas de luta, sua bunda cresceu uns dois manequins em dois meses. — Ela resmungou e eu gargalhei gostosamente.

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Saímos com as mãos cheias de sacolas da loja de artigos para esporte de Port Angeles e colocamos tudo no porta-malas e no banco traseiro do Jaguar, andamos mais um pouco e nós duas paramos ao ver um estúdio de tatuagem.

— E então? Você ainda não cumpriu sua promessa. — Comentei de uma forma falsamente desinteressada e ela riu, rolando os olhos.

— Alguém consegue te dizer não? — Samanta retorquiu e eu sorri, pulando animada e entrando no estabelecimento com pressa.

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Jacob P.O.V

— Não sei se isso é motivo para um alarde tão grande Jake, você sabe que os meninos nessa idade sentem-se atraídos por meninas bonitas, afinal você também tem 16 anos. — Sam me disse e eu bufei irritado.

— Sam, desde quando um garoto que sofreu imprinting acha outra garota “um furacão”? — Indaguei e vi meu antigo alfa coçar a nuca, confuso.

— Nós conhecemos o David, sabemos que eles são misteriosos, mas confiáveis, essa garota não passa de uma humana que se daria muito bem como modelo. — Ele respondeu.

Para sua informação, piadas não nos salvam em 100% dos casos, Sam. Apenas em 98%.

— Mas...

— Façamos assim, então. — Sam me interrompeu e eu prestei atenção no que ele falaria. — Iremos ficar de olho nessa , e eu também ficarei observando as reações dos meninos com imprinting perto dela, se eu perceber alguma coisa, eu te comunico e nós tomamos uma decisão, ok? — Sugeriu e eu concordei.

— Mas qualquer coisa você tem que me informar. — Falei firme e observei-o concordar.

— Pode confiar Jacob. — Ele estendeu a mão e eu a apertei. — Agora eu acho melhor você ir ver seu pai, Billy está quase surtando. — Comentou e eu concordei, sabendo que em parte era verdade e em parte era uma desculpa porque ele sabia que Emily já estava voltando.

Saí da casa e resolvi caminhar pela praia antes de ir para minha casa, quando dei por mim, meus pés já estavam embrenhados na trilha que levava ao penhasco.

Quando finalmente cheguei ao topo do penhasco, suspirei, sentindo o vento açoitar com força minha pele e meus cabelos curtos, a imensidão azul e cinza fazia com que eu me sentisse completa e pateticamente indefeso e pequeno.

As coisas estão calmas demais.”, pensei enquanto me aproximava mais do precipício que dava diretamente nas ondas do mar que estava em uma ressaca brava. “As coisas vão mudar e algo me diz que os Natalier tem algo a ver com isso.

Estava decidido, era hora de visitar um velho e querido amigo: David Natalier.

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Parei meu novo “xodó”, um Sandero Stepway preto, é claro que meu Rabbit continuava a ser utilizado, até com mais frequência, mas o xodó eu havia comprado com meu salário do trabalho na oficina, e era meu orgulho.

Desci do carro e nem o travei, ninguém é louco o suficiente para roubar um carro de um dos garotos misteriosos das “gangues” de La Push, fui obrigado a rir por causa desse pensamento antes de bater na porta da casa. Um cheiro extremamente embriagante tomou conta de meu olfato, um cheiro doce, mas não enjoativo com o dos vampiros, um cheiro floral, mas ao mesmo tempo natural, como se saísse da floresta. Tenho certeza que não era um perfume e também não era um cheiro humano.

Fui arrancado dos meus devaneios pelo barulho da porta sendo aberta e pela visão de David me olhando com curiosidade.

— Jake? — Perguntou antes de me cumprimentar com um toque de mãos. — Não sabia que você já tinha voltado. — Comentou abrindo mais a porta para que eu passasse, o fiz e sentei no sofá da sala de estar da casa.

— Ah, voltei ontem. — Disse vendo-o sentar-se ao meu lado.

— Como foi a viajem? — Perguntou curioso.

— Bem legal. — Respondi evasivo e ele concordou com a cabeça. — Mas eu vim aqui para falar com você, Dave. — Soltei e ele franziu o cenho.

— É algo sério? Importante? — Inquiriu, ajeitando-se no sofá.

— Mais ou menos. — Falei e ele arqueou as sobrancelhas impaciente, incentivando-me a continuar. — Você tem noção das coisas que se passam aqui em La Push e em Forks, não é? — Soltei e o vi ficar um pouco tenso, o coração acelerando levemente.

— Bem, eu sei que as coisas aqui não são muito normais, mas eu não me meto, se for para vocês me contarem, vocês contarão por vontade própria. — Afirmou e eu concordei, intimamente satisfeito com sua resposta. — Mas por que você está me perguntando isso? — Indagou e eu dei de ombros, não poderia simplesmente dizer: “estou desconfiado de sua irmã mais nova e, se por algum acaso, eu saber de qualquer coisa que há de errado com ela, você não vai ser mais irmão mais velho de alguém”, isso seria antiético e muito, mas muito estranho.

— Nada não, só para constar. — Levantei-me e Dave fez o mesmo.

— Ok, então. — Falou desconfiado e me acompanhou até a porta. — Ah, qualquer dia desses, eu vou convidar todo mundo para vir jantar aqui em casa, daí você aproveita para conhecer minha irmã mais nova. — Contou e eu concordei, não podia negar que estava ansioso para conhecer essa garota. — Ela é um doce de garota. — Ele disse irônico e fez uma careta, obrigando-me a rir antes de sair da casa.

Entrei no meu carro e já iria dar a partida quando uma brisa trouxe o cheiro que impregnava a casa novamente até mim. Aquele cheiro ao mesmo tempo em que aguçou meus sentidos, me deixou em um torpor prazeroso. Balancei a cabeça, tentando voltar a mim e dei partida no carro. Natalier, você não será um problema, será?

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P.O.V

— Satisfeita? — Samanta indagou falsamente azeda quando eu saí da salinha reservada e fui em direção ao caixa.

— Parcialmente. — Retruquei, sorrindo para o garoto que estava me cobrando o valor da tatuagem.

— Ah, isso me alivia. — Ela sorriu sarcástica. — Pelo menos parcialmente. — Fui obrigada a rir, minha irmã era rápida para retrucar. — Mas agora vamos, porque você tem que dormir cedo para ir para a aula e depois todos aqueles compromissos que eu não vou ficar repetindo que nem uma papagaia. — Falou monotonamente e eu concordei, pegando o troco e saí acompanhando Samy.

— Claro, mas primeiro eu como um biscoito e tome leitinho quente, não é? — Zoei e ela concordou, pulando para dentro do Jaguar e eu fiz o mesmo, quando senti o couro bater contra minha bunda, meu celular tocou e vibrou e eu o atendi rapidamente.

Até que enfim minha filha! Achei que o avião tinha caído e você morrido, se esqueceu de me ligar foi? — A voz de Déborah soou em uma cobrança do outro lado.

Nos ligar, Déborah Shaw, não finge que eu não estou aqui, sua vadia. — Duda ralhou e eu ri, a mania dos apelidos carinhosos haviam mesmo pegado.

Ah, tanto faz, mas e então? Conte-nos tudo, não esconda-nos nada! — Exigiu e eu rolei os olhos.

— MSN quando eu chegar em casa, beijo! — Falei e desliguei imediatamente.

— Ela vai brigar com você por ter desligado. — Samy cantarolou, virando uma curva particularmente fechada.

— É eu sei. — Foi só eu dizer isso para que uma mensagem chegar.

Acho bom à senhorita ter novidades que prestem, ou eu vou te dar a maior bronca por ter desligado na MINHA CARA, ok?

— Dá para acelerar, se eu não falar com as duas rapidamente, é bem capaz de elas pegarem um avião e virem para cá. — Comentei rindo e minha irmã concordou, entendendo o recado e pisando fundo. É por isso que nós duas amamos carros esportivos.

Quando já estávamos quase em casa, um carro preto cruzou velozmente nosso caminho, deixando um cheiro amadeirado para trás, cheiro esse que prendeu minha atenção até eu ouvir Samanta me chamando, dizendo que havíamos chegado. Pulei do carro e voei para o meu quarto, pegando meu notebook e me jogando na cama, esperando o MSN conectar e, antes mesmo que eu tivesse a certeza de que estava online, Déborah já me chamava insistentemente e me obrigava a ligar a webcam e contar detalhe por detalhe do meu primeiro dia na escola.

— Que puta mal comida! — As duas exclamaram juntamente e eu joguei a cabeça para trás, gargalhando.

— Tive a mesma impressão. — Disse e as minhas duas amigas crisparam os lábios, se entreolhando.

— E o que você vai fazer? Ficar só no bate boca? — Duda perguntou inclinando-se na direção da tela, como se fosse perguntar algo ultrassecreto.

— Claro que não, não é? — Déhh intrometeu-se, puxando-a para trás novamente e rolando os olhos, fixando seus olhos verdes em mim, como se me incitasse a continuar.

— Provavelmente a Déborah está certa. — Falei indiferente e as vi franzir o cenho.

— Provavelmente? — Deby ecoou. — Você não está em perfeitas condições mentais, . — Constatou com falso pesar e foi minha vez de rolar os olhos.

— Com certeza estou melhor que você. — Retorqui, mas fui obrigada a franzir o cenho quando pensei ter escutado um barulho estranho vindo da cozinha. — Tenho que desligar. — Avisei me sentando.

— Não se atre... — Antes que elas acabassem a frase eu havia fechado o notebook e avançado silenciosa e velozmente até as escadas, descendo-as e parando ao ouvir o que parecia ser uma discussão entre os meus irmãos, o que era estranho, já que eles muito raramente brigavam entre si.

Eu não acho isso certo, Samanta! — Dave pronunciou secamente e ouvi minha irmã soltar um suspiro.

E o que você quer que eu faça? — Indagou quase em um rosnado.

Não sei, Samanta, mas isso está mais do que perigoso! — Ele retorquiu e eu resolvi entrar na cozinha.

— O que está mais do que perigoso? Por que vocês estão discutindo? — Perguntei diretamente e eles trocaram um rápido olhar.

— Estamos discutindo porque seu irmão não gostou de saber que você tem uma tatuagem. — Samy disse tranquilamente, mas não me convenceu, eu franzi o cenho para ela, incomodada.

— E desde quando ele acha isso perigoso? — Repeti, cruzando os braços e os encarando firmemente.

— Desde que você fique muito autossuficiente para uma adolescente. — Ele retrucou, se levantando e saindo da cozinha, subindo as escadas. — Boa noite. — Resmungou antes de sumir do meu campo de visão.

— Ah, eu também vou dormir. — Samy disse após um tempo me encarando e eu afirmei com a cabeça, ela veio até mim e me beijou o rosto. — Tem comida no forno.  — Avisou e também sumiu escada a cima. Bufei impaciente, odiava quando alguém me escondia algo, daria meu jeito de descobrir e não seria perguntando.

Fitei o forno sem nenhuma fome e resolvi ler um pouco, então fui até a biblioteca e peguei um livro qualquer, um livro que já havia sido recomendado a mim, mas que eu nunca encontrei tempo para ler, Sonhos de Uma Noite de Verão, do meu tão estimado Shakespeare.

Encaminhei-me até a sala de estar analisando a capa e a grossura do livro, afundei meu corpo no sofá macio e estiquei minhas pernas, abrindo o livro e puxando o ar profundamente. Péssima ideia. Um cheiro extremamente bom invadiu meus sentidos, me deixando imediatamente desnorteada. Um cheiro que não provinha de nenhum perfume ou de alguém dessa casa, eu tinha certeza. Era um cheiro natural, amadeirado, convidativo, calmante...

OK! Agora é oficial! Estou precisando fazer terapia! Tudo bem que meu olfato – assim como todos os meus outros sentidos – sempre foi ótimo, acima da média, na verdade, mas nunca um cheiro havia me trazido tantas sensações.

Inconscientemente farejei o tecido do sofá, aspirando mais daquele cheiro embriagante e reconfortante, mas algo me arrancou dos meus devaneios. Infiltrado no cheiro que me fazia voar estava um cheiro doce e irritante, cheiro esse que me fez sentir incomodada, como se estivesse me metendo em alguma coisa que não deveria ser modificada, interrompida.

Pulei do sofá no mesmo instante, me afastando dele imediatamente. O que era aquilo?! Que sensação era aquela?! Eu senti apenas um cheiro, por Deus, é um cheiro! Aquilo martelava em minha cabeça, mas a sensação de intromissão não me abandonava. Em uma tentativa de me livrar daquilo, corri para a piscina e me sentei em uma das espreguiçadeiras que havia ao redor dela.

O que está acontecendo?!

Meu Deus, será que as coisas não podem melhorar ao invés de piorar, não? Eu só posso estar maluca, desde quando eu sinto um cheiro e sei a quem ele pertence ou não.

— Arg! — Soltei e senti o vento ricochetear e trazer aquele bendito – sim, o cheiro é bom demais para ser maldito – cheiro novamente e ricochetear em mim com força, as folhas que caíram das árvores começaram a flutuar com a força do vento e um trovão cortou os céus. Inspirei profundamente e, por baixo do cheiro tão atípico, eu senti o cheiro da chuva, o que me acalmou um pouco, eu adoro o cheiro da chuva.

Suspirei e me levantei novamente, com o livro em baixo do braço e entrei em casa, fechando a grande porta de vidro que dava para o jardim de trás e fechando as cortinas, subindo para meu quarto. Tirei meu notebook da cama e minhas roupas, jogando-as em um canto qualquer do quarto e abri meu closet, peguei uma camisa de malha larga e coloquei, ficando apenas de calcinha e camisa e me joguei na cama, tentando esvaziar minha mente a todo o custo. Mas aquele cheiro ainda estava impregnado em minha mente.

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Alguém berrava em algum lugar longe de mim, eu apenas afundei-me mais em algo fofo e ignorei, mas aí alguém jogou algo gelado em minha barriga e me fez despertar de vez.

— Mas que mer... — Interrompi-me ao ver que Samanta esfregava gelo em minha barriga.

— Faltam vinte minutos para começar a aula! — Avisou e eu pulei da cama, mas me enrosquei no lençol e caí no chão, fui engatinhando mesmo para o banheiro.

— Arruma uma roupa! — Gritei escovando meus dentes rapidamente.

Em menos de três minutos – bati meu recorde! – eu estava descendo as escadas praticamente voando, e indo até a cozinha, peguei duas barrinhas de cerais e voei para o Jaguar, que arrancou velozmente.

Arrumei minha roupa e respirei aliviada, 15 minutos, do jeito que minha irmã pisa fundo eu não chegaria atrasada.

— Essa foi por pouco. — Consegui balbuciar e Samanta riu, diminuindo um pouco para virar uma curva, mas logo retomando a velocidade.

— Seu choque de realidade começa hoje? — Perguntou interessada e eu sorri torto.

— Provavelmente. — Concordei.

— Boa sorte. — Comentou e depois crispou os lábios. — Não é como se você fosse precisar. — Completou e eu concordei.

Assim que o carro parou no portão da Forks High School eu pulei e escutei o sinal soar, despedi-me e corri para dentro, arrumando minha mochila no ombro.

— Ah, o Dave te busca hoje. — Escutei a voz de minha irmã, mas não lhe dei bola.

— Até que enfim! — Heloísa exclamou quando me viu e eu lhe beijei rapidamente a face. — Amiga, a Renesmee vai te odiar se você continuar assim. — Ela avisou e eu rolei os olhos.

— Você não sabe das últimas. — Afirmei e ela pareceu se empolgar.

— Me conta! — Exigiu e eu neguei, caminhando rapidamente até nossa sala de aula.

— Depois. — Garanti e ela bufou, abrindo a boca para protestar enquanto jogava a bolsa em cima da mesa, mas para minha sorte a professora chegou, fazendo a ruiva bufar novamente ao meu lado.

— Bom dia turma. — A professora disse. — Hoje nós faremos um cartaz bem bonito sobre a Segunda Grande Guerra. — Ela avisou e eu franzi o cenho enquanto um burburinho tomava conta da sala, parecia que ela falava com uma turma da primeira série. — Para não perdermos tempo eu já sorteei os trios em casa. — Mais burburinhos, dessa vez reclamações por não podermos escolher com quem faríamos. Mas eu ignorei, não faria diferença mesmo.

Logo ela começou a falar os trios, que se organizavam, mas ao perceber que só restavam três alunos, eu parei de mexer em uma mecha de meu cabelo e deixei a perplexidade tomar conta de minha face.

— Renesmee, Joshua e . — A professora disse e nós duas nos olhamos.

— Não pode mudar?! — Falamos ao mesmo tempo e a professora nos olhou, repreensora, e negou, voltando-se para os papeis em sua mesa logo em seguida. Bufei e fui resmungando em português até Josh, que já havia arrumado uma das mesas para nós sentarmos, logo a Cullen sentou-se em minha frente e nós duas cruzamos os braços, bufando e fuzilando a outra com o olhar.

— Vocês parecem o espelho uma da outra. — Joshua comentou, visivelmente impressionado.

— Calado. — Dissemos em uníssono e ele prendeu uma risadinha.

Sou obrigada a admitir que essa garota é inteligente – e acredite, isso é um elogio e tanto vindo de minha pessoinha – e o nosso trabalho ficou espetacular, não trocamos mais de meia dúzia de palavras, Josh era o interlocutor e piadista do trio – piadista sem graça, tenho que apresentar o Seth, o Embry, o Quil, o Brady e o Collin para ele.

EPA! PAROU! Momento Quileutes invadindo minha cabeça!

Balancei levemente a cabeça e soltei uma risadinha, percebi que os dois me olharam, mas não perguntaram o motivo dessa reação. Quando o sinal tocou, anunciando o fim da aula dupla, o nosso grupo era o único que havia acabado completamente o trabalho. Oh gente lerda essa, pelo amor de Deus.

O dia passou rapidamente e logo os dois últimos tempos chegaram, que seriam de Educação Física. Ainda bem que eu já tinha arrumado minha bolsa antes de dormir, então eu trouxe a roupa para essa aula. Encontrei Heloísa quando saí da aula de literatura e nós seguimos até o ginásio.

— Ok, segundo ano, vão se trocar, vocês não são mais crianças para que eu fique relembrando isso toda aula! — A professora exclamou seca e logo nós entramos nos vestiários, peguei o armário ao lado do da Helo – que por sorte estava vazio – e me troquei rapidamente, assim como as outras garotas, coloquei uma legging, um top e uma blusa um pouco mais folgada por cima e amarrei meus cabelos.

— Você vai cansar. — Heloísa falou quando percebeu minha empolgação.

— Não costumo me cansar fácil, não. — Garanti saindo do vestiário com ela atrás de mim. — Eu gosto de fazer exercícios. — A ruiva fez uma careta que fez eu me lembrar de Déborah.

— Credo, eu já estava com a impressão que o Sol que faz no Brasil tinha afetado seus neurônios, mas isso acabou de virar uma certeza. — Ela resmungou, eu me virei para ela “braba”, mas Helo fez uma cara de santa tão fajuta que me obrigou a rir. Um apito soou, parecia que até o apito daquela mulher era impaciente.

— Vôlei! — Foi a única coisa que ela gritou e em seguida duas pessoas já escolhiam o time. Fiquei contra Renesmee – isso é a única coisa que eu posso dar de referência – para nooooooooooooooooooossa alegria! OK! Júlia, eu te odeio por ter me mostrado esse vídeo.

Nós estávamos perdendo... E eu odeio perder. Simples assim. A Cullen estava me encarando de um jeito... Estranho. Analisando-me friamente. Ou sou só eu ficando paranoica?

Minha vez de sacar, a idiota estava no meio, prontinha para receber a bola e me olhando de um modo esnobe. Não sei o quê me deu, mas antes da professora apitar, eu saquei. Com força. Rápido. Certeiro. Sorri, seria impossível ela pegar.

Mas ela pegou! Vadia! Como? Isso é humanamente impossível, ela foi rápida demais! Renesmee recebeu com uma manchete perfeita, mas caiu com o impacto e me olhou assustada, como se fosse impossível algo derruba-la. Estreitei meus olhos, mas antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, a professora Hating apitou, encerrando a aula.

— Todos para o vestiário! — Ela ordenou seca, me olhando. — Menos você mocinha. — Cerrei os punhos e trinquei os dentes, andando até ela, que me chamava com o dedo. — Você ouviu o apito, Natalier?

— Não, professora. — Resmunguei quando ela exigiu a resposta com seus olhos azuis.

— Então por que você sacou? — Rosnou e eu abri a boca para responder, mas a velhota foi mais rápida. — Porque você é uma idiota, isso sim, não é porque você é novata que pode fazer tudo o que quer! — Exclamou exaltada.

— Desculpe, professora. — Resmunguei, sentindo a raiva me dominar.

— Desculpe? Ah, eu vou te desculpar depois d você organizar todos os materiais da aula. — Falou e me deu as costas, saindo do ginásio.

E o que eu fui fazer? Ah, claro, organizar todos os materiais! Resmungando, xingando, chutando, rosnando... Morrendo de raiva. Renesmee idiota.

— Uh, arruma direitinho. — Só falar no diabo que ele mostra o rabo. Virei rapidamente para ela, que tinha os braços cruzados cobertos pela blusinha de marca dela e um sorrisinho idiota.

— Tudo que eu faço, eu faço direito. Sinto muito se você não pode dizer o mesmo. — Retruquei, também cruzando os braços e fincando minhas unhas na minha própria pele para não atacar aquela patricinha.

— Ah, você não sabe o que diz. — Afirmou em tom de falso pesar. — Bom, eu vou indo. — Falou e deu um tchauzinho hipócrita para mim, dando-me as costas.

Em quantos idiomas eu a xinguei? Não faço ideia. Mas logo eu havia acabado e me dirigi para o vestiário. Heloísa havia ido se despedir e me oferecido carona, mas eu recusei, sabia que Samy já devia estar me esperando no estacionamento. Helo não protestou e foi embora.

Entrei no vestiário e abri meu armário que estava... Vazio. PUTA QUE PARIU! Que merda! Cadê minha roupa?! Eu amo aquela jaqueta de couro que eu comprei em Veneza com um desconto de 30%! Ok, estou parecendo uma velha ranzinza que sabe o preço de tudo, mas eu amo aquela jaqueta.

Suspirei, e revirei todo o vestiário. Nada. Minha cabeça estalou.

Renesmee. Ok, eu não posso acusar alguém por nada, mas minhas suspeitas são essas. Resmungando mais ainda eu saí do ginásio, sem nem tomar banho, e fui em direção ao estacionamento, louquinha para esse dia acabar de uma vez. Cheguei ao estacionamento que estava completamente vazio. Vazio.

OK! HOJE É SEXTA-FEIRA 13 E EU NÃO TÔ SABENDO? EU QUEBREI UM ESPELHO HOJE DE MANHÃ? PASSEI DE BAIXO DE UMA ESCADA? VI UM GATO PRETO? QUE DROGA!

Procurei meu Nokia Lumia azul e branco na bolsa e logo o achei... sem carga. Agora é oficial. Alguém vai morrer.

— Calma . Respira fundo, logo alguém chega. — Murmurei para mim mesma e me sentei no meio fio.

Cinco minutos...

Dez minutos...

Quinze minutos...

Desisto de esperar, não é como se Forks fosse um protótipo de Nova York, nem como se esse alfinete de cidade oferecesse algum perigo e eu já tenho quase 16 anos. Me levantei e tirei a poeira da minha calça legging. Tudo bem que a minha roupa é mais colada do quê queijo na frigideira (da onde eu tirei isso?), mas tudo bem.

Por que eu não aceitei a carona da Helo, mesmo? Ah sim, é porque eu achava que minha irmã me amava.

Saí para a rua e logo tomei meu caminho, não é difícil chegar a minha casa, não que ela seja próxima da escola, mas não precisa entrar em muitas ruas. Só caminhar... Muito, muito mesmo. Assim que entrei na La Push Rd escutei um trovão.

Alguém lá em cima me ama... Muito. Acelerei o passo e em meia hora estava em casa, meu caminho sendo “sonorizado” por trovões que estremeciam tudo a minha volta. Entrei no pequeno caminho que levava a minha casa. Tudo apagado. Estranhei. Nenhum carro na garagem. Estranhei mais ainda. E EU NÃO TENHO CHAVE! Ok, nem perdi meu tempo, girei nos calcanhares e fui pisando duro em direção a La Push, com um único pensamento: casa do Seth, ai vou eu.

Mas assim que coloquei meus pés na rodovia em que estava andando há cinco minutos um outro trovão soou e uma chuva despencou dos céus. Não uma chuvinha. Era quase um diluvio. Eu pedi intimamente pela Arca de Noé, mas ela não virou a curva e apareceu na minha frente magicamente. Droga. Agora é oficial, vou matar alguém.

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— SETH! — Berrei a plenos pulmões e em menos de cinco segundos o índio gato e novinho estava em minha frente, sem camisa e ficando todo molhado com aquela chuva. Mas eu só captei o sem camisa, obviamente.

? — Assustou-se e correu até mim, me envolvendo em um abraço, esquentando-me. — O que você está fazendo aqui? E toda encharcada! — Exclamou e me empurrou para dentro de sua casa, correndo para buscar duas toalhas para mim. Agradeci e comecei a me secar.

— Meus irmãos desnaturados me esqueceram. — Consegui balbuciar, não é como se eu sentisse frio, mas aquela água gelada incomodava um pouco. — Meu celular tá sem bateria. — Continuei e percebi que o pirralho – gato – prendia a risada. — Andei até em casa. — Ele arregalou os olhos e gargalhou. — Mas não tinha ninguém. — Rosnei. — E eu não tenho chave! — Completei em um grunhido, arrancando a minha camisa que estava colando, fazendo Seth calar a boca imediatamente, e fiquei só de top. — Quê? — Fiz-me de desentendida e jurei que o vi corar, o que é difícil perceber pelo alto bronzeado dele. — Daí eu andei até aqui e peguei esta garoa. — Indiquei a chuva lá fora com sarcasmo, mas acho que ele não prestou muita atenção... porque ele tava ocupado encarando meu torso! Que cachorro! Agarrei uma toalha rapidamente e ele pareceu despertar.

— Ah... Eu vou pegar uma camisa pra você! — Balbuciou antes de correr para o corredor e sumir em uma das portas, para instantes depois voltar com uma camisa sua. — Desculpe, mas a Leah me arranca o couro se eu entrar no quarto dela. — Justificou e eu peguei sua camisa.

— Sem problemas. — Disse sincera, eu adoro usar camisas masculinas, eu tenho uma coleção das camisas dos meus amigos e até das do meu irmão, enquanto me vestia. — Seth, você se importa se eu usar o telefone? — Perguntei, já tinha localizado um telefone fixado na parede e o garoto apenas concordou. Fui até o telefone e disquei rapidamente o número de David.

Alô. ­— O energúmeno falou ao terceiro toque.

— David Natalier! — Rosnei e o escutei engolir em seco.

Ah, oi maninha, já tá em casa? — Ele indagou.

— Você sabe a resposta e você sabe onde eu tô. — Continuei, batendo de modo ritmado o pé no chão. — Onde você está? — Indaguei.

Er... Em Seattle. — Engasguei.

— E POR QUE VOCÊ ME ABANDONOU NAQUELE ESTACIONAMENTO?! — Berrei e acabei assustando o pobre Seth, pedi desculpas com um olhar e ele acenou positivamente, mordendo o lábio para evitar uma gargalhada.

Calma! Eu ainda não sou surdo! — Retrucou. — Uma amiga sua foi falar comigo e disse que você ia com ela porque estava de castigo. — Ele começou e eu estreitei os olhos.

Que amiga? — Perguntei seca.

Uma com apelido estranho... Nessie, eu acho que é isso... — Desliguei o telefone em sua cara e me controlei para não socar a parede de madeira.

... — Seth começou, mas eu ergui uma mão e caminhei até a varanda, me controlando. Tentando controlar a raiva. Meu corpo inteiro tremia e Seth me olhava apreensivo. Mas parecia que alguém além dele também me observava... — Você está bem? — Indagou, tirando-me dos meus devaneios, mas meus olhos insistiram em tentar achar algo na mata. Nada.

— Se estar com raiva é estar bem, eu estou ótima. — Respondi. — Renesmee? Sinto informar que nós não somos amigas... Muito pelo contrário. — Informei e Seth coçou a nuca.

— Ela é geniosa mesmo. — Comentou e eu sorri sarcástica.

— Desculpe Seth, mas essa Renesmee é uma... — Mordi o lábio e Seth arqueou as sobrancelhas. — Vou falar em português, ok? — Ele riu e eu dei um meio sorriso.

— Quer que eu te leve para a casa? Minha mãe tem uma cópia da chave, ela limpa lá para o David de vez em quando. — Ele sugeriu e eu dei de ombros.

— Sabe dirigir? — Perguntei desafiante e o Clearwater deu um sorriso de canto.

— Mas ainda não tenho carteira. — Advertiu.

— Não me importo, desde que não capote e ande rápido. — Falei e nós entramos em casa, peguei minha mochila e ele nos encaminhou até a garagem. — Tá brincando né?! — Exclamei encantada. — Um Camaro?! — Perguntei de modo bobo, o Camaro preto antigo, mas extremamente conservado, brilhava a meia luz da garagem.

— Entende de carros? — Espantou-se e eu arqueei uma sobrancelha para ele.

— 1969, original, mas teve um belo trato. Estou certa? — Ergui o olhar pra Seth, que concordou sorrindo.

— Leah comprou, ela é gerente no banco de Forks. — Falou. — Mas hoje está de folga. — Continuou e eu concordei. — Ela tava a fim de tunar o carro. — Ele disse e meu sorriso aumentou.

— Pode contar comigo. — Comentei andando até a porta da garagem e a abrindo para dar passagem à relíquia a minha frente. Assim que fechei a porta da garagem, meu olhar foi atraído para a mata e meu estômago afundou. Um par de grandes olhos negros me fitava, brilhando intensamente. Uma parte sã de minha consciência queria me convencer de que era imaginação, mas não podia ser. Era real demais para ser alucinação.

! Entra! Você vai se molhar de novo! — Seth me acordou novamente e eu abri a porta do carro, entrando nele ainda atordoada. — O que houve? — Indagou preocupado e eu voltei meu olhar para o mesmo lugar de antes, não havia mais nada lá. Pelo menos não a vista.

— Existem animais selvagens nessas florestas? — Soltei antes que pudesse me controlar e senti o garoto ao meu lado se retesar, ficando tenso.

— Sim, mas eles não se aproximam das casas, por quê? — Neguei com a cabeça, não querendo preocupar Seth.

— Nada, podemos ir? — Pedi. Ele me fitou por mais um tempo antes de dar partida no carro.

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Jacob P.O.V

Minha ronda tinha acabado há pouco, mas eu não havia voltado a minha forma humana, na verdade eu corria até a casa de Seth. Precisava falar com aquele pirralho sobre as notas da escola dele, mudar seu turno de ronda para que a escola não fosse afetada. Ócios do oficio, como diria Sam, coisas de Alfa.

Quando estava chegando me preparei para voltar a ser humano, mas algo prendeu minha atenção. Aquele cheiro. O odor que estava grudado na mansão dos Natalier. Será que eu finalmente conheceria a famosa ?

Andei lenta e silenciosamente até a orla da floresta, sentindo meu sistema nervoso esbaldar-se naquele perfume, mas me obriguei a ficar “lúcido”. Agucei meus ouvidos – mesmo que não fosse necessário – e ouvi uma conversa. Seth conversava com uma garota, que estava raivosa, mas mesmo raivosa a voz dela era linda. Muito melhor do que a dos vampiros até. Tinha um tom firme, mas não deixava de ser doce.

Ouvi o nome de Renesmee e imediatamente isso me incitou, ela falava com alguém no telefone... David. E ele estava levando uma bronca daquelas! Já estava prestes a me transformar para entrar naquela casa quando escutei passos duros e em seguida uma silhueta vir para a varanda. Mas no instante em que pus meus olhos naquela silhueta, minhas patas não sustentaram mais o peso do meu corpo e eu caí deitado, de modo patético.

Só ela poderia ser a tal . Agora eu entendi o que os garotos disseram. Ela era... Uau. Sem palavras. O corpo estava parcialmente escondido por uma camisa preta de Seth, mas mesmo assim dava para perceber que ela tinha um corpo escultural. Os cabelos eram de um castanho escuro, quase negro, que caia em grandes ondas até a cintura, mesmo que molhados. O rosto com bochechas rosadas e marcadas, os lábios cheios e os olhos...

Castanhos, mas com um tipo de contorno em azul. Aqueles olhos me fizeram sair da Terra em uma velocidade incrível e algo dentro de mim fez meu coração acelerar e espalhar com muito mais velocidade a adrenalina por minhas veias. Tudo sumiu da minha mente. Era apenas ela. Sem mais alguém, sem mais alguma coisa. Como se o mundo acabasse e só restássemos nós dois.

Em segundos – pelo que me pareceu – ela havia sumido e um vazio tomou conta de mim. Um ganido baixou escapou por minha garganta e tentei me levantar, mas as reações recentes me impediram de fazer isso. Mas logo ela estava de volta, abrindo a porta da garagem para que o Camaro de Leah pudesse sair. E dessa vez seus olhos focalizaram os meus e minhas patas tomaram vontade própria e eu avancei, mas algo me refreou – ainda bem – e eu consegui parar, porém cedo demais ela entrou no carro e Seth avançou.

Corri, algo dentro de mim necessitava saber que ela chegaria bem em casa e eu o fiz, acompanhando silenciosamente o carro que a levava para casa. E Seth sumiu com ela pelo caminho que levava até a mansão e eu fiquei lá. Parado. Desejando poder estar naquele carro... Sozinho... Com ela.

Eu poderia entrar lá, não? Dizendo que queria falar com Dave, e ficar esperando... Ela me mandaria entrar, acho. Só que antes disso algo me ocorreu. Renesmee, e eu me senti imundo por pensar em outra garota mesmo que Nessie fosse meu destino.

O que era aquilo? Só porque eu estava feliz essa garota teve que vir para cá! Só para me confundir! Abanei a cabeça e dei meia volta e, antes que pudesse perceber – já que a maldita (?) morena povoava meus pensamentos –, eu estava em forma humana e entrando na casa de Sam.

— Jake? — Espantou-se, desviando o olhar da TV que estava em um canal de esportes e me olhando. — Jacob! O que houve?! — Pela expressão dele o meu estado de choque não era só interno. Deixei-me cair pesadamente ao seu lado, minhas pernas já não davam conta do meu peso mesmo. Fiquei assim por longos minutos, olhando o nada e Sam me olhando, já começando a ficar impaciente. — Jacob, eu estou ficando preocu... — Antes que ele completasse a fala, eu o interrompi:

— É possível sofrer dois imprinting? 


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N/A: Capítulo dois e já com imprinting? Eu sou boazinha pra caramba, pode dizer, eu deixo.
Bem, gente, comentários salvam vidas de fics, sabiam? 
Não sei se alguém lê isso aqui, mas se uma alma boa tiver chegado até minha N/A, desça um pouquinho a página e poste um comentário!

Déborah! Amiga do meu s2 (né? kkkk) amei seu comentário! Vamos esperar sua net voltar, então!

Beijos, beijos.

<08/07/12>

2 comentários:

  1. Omg, omg, omg!!
    Um segundo imprinting?! Jake sofreu um segundo imprinting e por mim?! Ahhhh!!! Ameeeei isso!! Nessie que se prepare.
    E por falar em Nessie, que garota mais insuportável, ain, que vontade de lhe arrancar o couro.
    E Dave heim?! Nuss, que irmão mais sem noção.
    Estou louca para descobrir sobre esse mistério que ronda a minha família, tenho certeza que lá vem chumbo grosso.
    Amandooooooo, bjssss!!!!

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  2. OMG please poste logo!
    To AMANDO a sua finc!!

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