quinta-feira, 19 de julho de 2012

Capítulo III – Tarado.



Alvorecer





Capítulo III – Tarado.

Jacob P.O.V

Sam me olhou espantado e a cor logo fugiu de seu rosto, dando-me a resposta que eu não (?) queria. Sim. E isso, definitivamente, não era bom.

— Quem? — Ele soltou em um fio de voz.

— Adivinha? — O olhei significativamente.

? — Chutou com os olhos cerrados, temendo a resposta. Só o seu nome já me aqueceu e me reconfortou, não precisei dizer nada e Sam já estava de pé, andando de um lado para o outro. — Precisamos convocar o conselho e...

— Não! Sem conselho Sam! Só você pode saber! Eu confio em você! — Exclamei irritado com aquela mania de conselho que ele tinha. — E eu sei que você pode me dar a resposta, não é?! — Indaguei firme e ele suspirou, concordando.

— Mas... eu não sei como explicar. — Confessou, sentando-se novamente.

— Isso não ajuda. — Retorqui seco.

— Eu só posso dizer por enquanto que é mais que um imprinting. — Ele disse e um arrepio perpassou meu corpo.

— Mais? — Espantei-me e o vi concordar. — Fudeu. — Murmurei e Sam soltou um risinho.

— Sou obrigado a concordar. — Segredou e nós dois suspiramos.

— Por que isso só acontece comigo, mesmo?

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P.O.V

Pelo menos eu consegui entrar em casa e logo Samy chegou para me levar até Port Angeles, perguntei o que David estava fazendo em Seattle e ela mudou de assunto. Eu, hein.

Depois de todas as atividades esportivas desse dia eu estava detonada, então só tomei um banho e fui fazer minhas tarefas. Mas algo não saia da minha mente...

Eu não delirei, não sonhei, não imaginei, tinha certeza que algo me observava. Não era humano... mas também não era um ser irracional. O jeito que aqueles grandes e brilhantes olhos estavam grudados em mim... me arrepio apenas de lembrar. Era como se me analisasse, calma e objetivamente, mas que não fosse me machucar, aquela figura me passava segurança, conforto, o que era estranho, já que eu nem sabia o que aquilo era.

Desisti das tarefas, já havia feito bastante coisa enquanto esperava no estacionamento mesmo. Rapidamente me troquei e fui até a janela, para visualizar a “paisagem”. Estava chovendo fraco agora, a noite estava iluminada pela Lua minguante mais linda que eu já tive o prazer de ver. Aqui até podia ser nublado, mas as noites ainda eram de tirar o fôlego.

Desviei meus olhos para o rio atrás de casa e, consequentemente, para a mata. Em dado momento me peguei desejando que aquela coisa aparecesse novamente, e que eu tivesse coragem suficiente para ir até lá e descobrir o que me observou tão intensamente.

? — Samy apareceu na porta do quarto e eu me virei em sua direção. — Tudo bem? — Ela perguntou com o cenho franzido e eu concordei, sentando-me em minha cama enquanto ela fazia o mesmo.

— O que foi, mana? — Perguntei, percebendo que ela queria falar algo comigo. Samanta abriu um meio sorriso e coçou a nuca.

— Daqui a duas semanas...

— Aniversário de vocês. — Interrompi com um sorriso e ela concordou, com uma careta.

— Dave quer uma festa e, bem, eu não me oponho, mas a casa também é sua e eu resolvi perguntar...

— Quando nós vamos comprar as coisas para a decoração? — Perguntei empolgada e Samy riu.

— É claro que ela ia aceitar. — Dave apareceu e foi entrando no meu quarto sem cerimonias.

— Eu ainda estou brava com você, só para constar. — Resmunguei e ele deu um sorriso torto após revirar os olhos.

— Mas ama organizar festas desde que descobriu o que eram DJ’s. — Afirmou e eu revirei os olhos, me levantando e o empurrando para fora do quarto.

— Isso aí, então fica tranquilo, seu aniversário será um sucesso. — E dizendo isso eu fechei a porta com um pouco mais de força que o necessário e, o melhor de tudo, em sua cara.

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Ok, hoje é o dia da verdade.

Que coisa mais clichê para dizer. Só que meu estoque de frases originais está sendo prejudicado pela minha raiva. E acho que não era só eu que percebia aquilo, já que a cada passo que eu dava pelo estacionamento da escola, mais pessoas se calavam.

E lá estava ela, encostada em seu Veloster vermelho, conversando com um garoto de cabelos loiros e arrepiados, mas ela parou de falar assim que me viu, abrindo um sorriso de canto.

— Como foi a volta para a casa ontem? — Ela perguntou cínica e eu larguei minha mochila no chão, empurrando-a contra a lataria reluzente de seu carro.

— Muito melhor do que sua ida para o hospital. — Rosnei e ela riu, encarando-me de cima a baixo.

— Seu irmão é fácil de convencer. — Ela comentou.

— Infelizmente a inteligência familiar não foi passada para ele. — Falei falsamente gentil, firmando minhas mãos em volta de seus braços. — Sabe, eu não sei como o Seth te aguenta. — Comentei e a vi vacilar por um momento.

— Você conhece o Seth? — Ela perguntou e eu soltei uma risadinha baixa.

— Fui obrigada a ir para a casa dele ontem. — Disse e ela me olhou assustada. — E pensar que ele achou que nós ficaríamos amigas. — Comentei para em seguida crispar os lábios.

— Sinto frustras as expectativas dele. — Renesmee falou.

— Pois é. — Disse falsamente aborrecida e nós duas desviamos o olhar para o meu aperto em seus braços.

— Agora você pode me largar. — Ela disse e eu neguei.

— Não sem antes falar mais uma coisinha. — Disse e ela arqueou uma sobrancelha, me incentivando. — Você queria guerra Renesmee Cullen... — Suspirei. — Parabéns, você conseguiu. — Soltei-a bruscamente, girando nos calcanhares e encarando todo aquele bando de adolescentes espantados. Ignorando esse fato, peguei minha mochila agilmente e segui até Heloísa e sua “trupe”.

— Sou sua fã. — Hiley balbuciou, pela primeira vez devidamente acordada antes do almoço.

— Ok, eu estou achando que nós perdemos alguma coisa muito importante. — Joshua comentou, andando ao meu lado. Não falei nada, eu apenas tentava controlar a minha raiva, alguns pontos da minha visão estavam tingidos de vermelhos e meus ombros tremiam fracamente. Parei apenas quando estava em frente ao meu armário, já um pouco mais calma.

— Você tem alguma coisa a dizer ou algum garoto comeu sua língua? — Helo perguntou maliciosa e eu sorri de lado.

— Bem, o que eu posso dizer? — Ponderei por um segundo. — Escolham um lado e preparem suas armas. — Pisquei e me virei para sair, mas Damen segurou meu braço com delicadeza.

, nós já escolhemos um lado: o seu. Nós somos seus amigos e aliados, por isso você deve nos contar o que aconteceu. Nós queremos te ajudar. — Ele disse calmamente, fitando meus olhos.

Por um momento eu achei aquilo estranho, fazia tempo que eu não me envolvia em problemas e já estava me esquecendo de como é divertido ter alguém ao nosso lado. Com um suspiro eu me desvencilhei dele e abri a porta de uma sala de aula deserta, deixando-a aberta como um claro recado para que eles entrassem.

— Vamos ao relato então. — Disse com um sorriso torto, enquanto Josh fechava a porta, eu me sentava na mesa do professor.

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— Tá a fim de sair sábado? — Heloísa convidou-me, já no final da aula.

— Não vai dar. — Respondi, fechando meu armário e seguindo com ela pelo corredor da Forks High School. — No outro sábado meus irmãos estarão de aniversário e esse sábado nós vamos sair para comprar tudo que é preciso. — Expliquei e ela concordou. — A propósito, você, a Hiley e os meninos estão convidados. — Avisei e ela abriu um sorriso para mim.

— Ótimo, então esse fim de semana eu e Hiley vamos a Port Angeles comprar roupas. Só falta avisar ela. — Fui obrigada a rir de sua empolgação.

— Por que vocês duas não vem comigo e com a Samy para Seattle? — Sugeri e os olhos da ruiva a minha frente brilharam.

— Tá de zoeira, né?! — Exclamou, mas ela não me deixou responder. — Ok, eu vou. — Ela arrancou o meu celular de minha mão e digitou rapidamente seu endereço. — Nós vamos. — Corrigiu, estalando um beijo na minha bochecha e disparando para seu carro, gritando um “tchau” alto suficiente para até quem ainda estava dentro da escola ouvir.

Balancei negativamente a cabeça, andando até o Jaguar que me esperava na saída da escola.

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A semana passou rápida e logo Samy estava arrancando em alta velocidade em direção à Seattle.

— O Dave já foi convidar a galera da reserva. — Minha irmã comentou e eu concordei.

— Reserva? — Hiley ecoou.

— São os “meninos” que moram em La Push. — Expliquei.

— E por que essa cara safada só para falar “meninos”? — Heloísa observou sabiamente e eu rolei os olhos, não evitando que meu sorriso de canto aumentasse.

— É porque eles são gostosos. — Minha irmã explicou calmamente e eu arqueei minhas sobrancelhas, afirmando.

— Alto nível? — Indagou.

— Carne de primeira. — Afirmei e elas riram.

Assim que chegamos ao nosso destino, fomos até o shopping. Compramos coisas para decoração, também compramos roupas, e já fizemos a compra das bebidas. Acertamos com o DJ, com o buffet e com os decoradores. Já era noite quando Samy sugeriu um filme e nós fomos ver. Um filme de comédia romântica, mas bem legal.

— Aquele cara era muito gostoso! — Hiley ofegou e nós rimos em concordância.

— E bem tarado. — Samy começou a enumerar.

— Romântico. — Helo soltou em um suspiro.

— E gostoso. — Reafirmei e elas riram enquanto estrávamos no carro. — Perfeito. — Concluí e elas pareceram satisfeitas com a definição. Assim que minha irmã abriu a porta ela ficou tensa, as meninas pareceram não perceber, já que estavam entrando no carro, mas eu estranhei. — Samy? — Chamei e ela balançou a cabeça, fitando-me e forçando um sorriso.

— Nada mana, só dei uma divagada. — Tranquilizou-me e eu franzi o cenho, não engolindo aquela história.

— Tem certeza? Posso pedir para uma delas para dirigirem. — Sugeri e ela arregalou os olhos.

— Não! — Exclamou, rápido demais. — Quer dizer, você sabe do meu ciúme pelo Jaguar e que eu gosto de andar rápido. — Voltou atrás e eu concordei, entrando no carro e a fitando. Samanta estava tentando disfarçar que algo a tinha deixado nervosa, mas não estava conseguindo porque eu a conhecia bem demais. Assim que nós saímos da área urbana, ela acelerou mais que o comum e isso me deu a certeza de que algo a estava incomodando.

Helo e Hiley conversavam no banco de trás, mas eu estava alienada ao papo, já que encarava minha irmã, que tinha os nós dos dedos até brancos pela força com que ela apertava o volante, outra coisa estranha, já que ela sempre dirigiu com extrema leveza. Uma pequena ruga de preocupação estava instalada em sua tez e os olhos estavam fixos na estrada, como se esperasse que um animal selvagem saísse da floresta e cruzasse o caminho do carro... O quê não seria tão surreal, já que a estrada era cercada por mata.

Para tentar me distrair um pouco, aumentei levemente o som do carro, fazendo uma música do Eminem invadir o pequeno espaço. Escorei minha testa na janela do meu lado e me coloquei a observar a mata ao redor. Estava escuro, não tinha Lua e nenhuma iluminação na estrada além dos faróis do Jaguar que cruzavam o asfalto velozmente em direção à Forks.

Mas de repente eu vi um vulto na mata e me sobressaltei.

Tem alguma coisa na floresta. — Sussurrei rapidamente, e em português para minha irmã, que olhou de soslaio pela minha janela e acelerou ainda mais. Logo ela bate o próprio recorde de velocidade, se ainda não o bateu.

Não deve ser nada, apenas um dos animais que vivem aí. ­— Falou quase que em uma voz automática. Desviei meu olhar para o espelho retrovisor e percebi um outro tipo de vulto – pequeno demais para ser um automóvel – atrás de nosso carro.

Se fosse isso, você não estaria tentando fundir o motor do carro. — Rosnei para ela. — Samy... — Comecei, mas ela estava com o celular na mão se digitava uma mensagem habilmente, para em seguida larga-lo entre os dois bancos da frente e voltar a apertar o volante.

— O que foi? — Heloísa perguntou e eu olhei minha irmã, para em seguida negar levemente com a cabeça.

— Nada. — Disse.

— Dave esqueceu a chave e está fora de casa, está pedindo para nos apressarmos. — Samanta explicou e as duas se olharam desconfiadas, mas pareceram engolir a desculpa.

Eu olhei mais uma vez para trás, não tinha nada nos seguindo. Suspirei aliviada e me voltei para frente, mas ao passar os olhos pelo lado de fora do carro senti meu estômago afundar e meu cérebro preparar um grito, mas eu segurei. Eu juro que vi uma pessoa parada na beira da estrada. Uma pessoa pequena e com um tipo de capa cobrindo as roupas, os punhos cerrados e a cabeça levemente abaixada, mas os olhos firmemente fixados em... mim. Olhos raivosos e rubros.

Minha espinha gelou e eu só fui capaz de sussurrar uma coisa para minha irmã:

Acelera.

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Jacob P.O.V.

Eu me revirava na cama em pleno sábado, escutando o som da TV ligada e a “pegação” entre minha irmã e o quê eu chamava de cunhado – Paul.

Eu precisava falar com alguém, esses dias estavam muito conturbados com essa confusão de segundo “imprinting”. Merda, até meu imprinting tem que ser defeituoso.

Com um suspiro eu pulei da cama e cacei uma blusa qualquer, precisava ir até a mansão dos Cullen, pelo menos Edward tinha que saber. Ele já tem idade suficiente para ser meu tataravô e poderia me dar uma ajudinha, ou falar com Carlisle...

Arg! Estou tão desesperado que estou pensando em pedir ajuda para um vampiro!

Passei um pente nos meus cabelos – o que não adiantou nada – e abri a porta do quarto, era bom que eles soubessem que eu saí, por isso não pulei a janela do meu quarto.

— Vai sair Jake? — Rachel perguntou e eu concordei, abrindo a boca para falar que ia ver Nessie, mas um uivo alto e apressado foi captado pela minha audição aguçada e eu praguejei.

— Ia até a casa da Ness, mas agora vou sair com Paul. Vamos. — Resmunguei e o entendimento logo se apossou de minha irmã, que deu um selinho rápido no noivo.

— Se cuidem. — Disse com os olhos arregalados e eu fui até ela, beijando-lhe o topo da cabeça antes de sair correndo com Paul ao meu lado.

— O que será que aconteceu? — Paul falou, já tremendo um pouco.

— Não sei, mas para chamarem não devem ser apenas nômades. — Respondi já tirando minha roupa e amarrando as peças ao meu tornozelo, transformando-me em seguida e disparando por entre a mata.

O que houve, Collin? — Indaguei em mente e logo três vampiros de capas negras com capuzes surgiram em minha mente. Não podia ser o que nós estávamos pensando! Tentei controlar o pequeno pânico que queria se instalar em mim e voltei a raciocinar, no exato instante em que Leah se transformava.

Foi mal, Jacob, eu tava no banho quando ouvi o uivo. — Explicou e eu concordei rapidamente, ela nos alcançaria logo de qualquer maneira.

Não fica se achando por isso, não. — Jared resmungou e Leah já iria responder, mas eu a cortei.

Não é hora para rivalidades! — Ralhei. — Collin e Brady ajudem o Calleb a rondar as fronteiras, e se as coisas apertarem para vocês, chamem o Sam. — Coordenei e os dois resmungaram, mas diminuíram o passo, indo até o mais novo membro do bando: Calleb. — Seth, vai avisar os Cullen e depois volta. — Ordenei e o pirralho disparou na direção que era para eu ter tomado. — Leah, segue pelo leste com o Embry, o Paul e o Quil. Jared, Rodrigo, Leonard e, depois, o Seth, vocês vêm comigo. — Assim que acabei de dividir os grupos, nós aceleramos na direção da estrada que ligava Seattle à Forks.

Cada passo que nós dávamos na direção dos vampiros, mais os nossos narizes ardiam insuportavelmente. Uma confusão de pensamentos raivosos tomava conta da minha mente e eu já estava ficando irritado, quando um segundo cheiro nos atingiu em cheio.

Que cheiro é esse?! — Rodrigo perguntou em alerta.

! — Seth, que já estava atrás de mim, e Embry exclamaram juntos, acelerando ainda mais o passo.

Calma! Não podem nos ver! — Leah rosnou, mas era tarde demais, nós três – sim, eu também tive um crise superprotetora – saímos correndo, e logo o ronco de um motor foi ouvido.

Será que elas perceberam os vampiros? — Quil perguntou e ele logo foi respondido quando um vulto prata e veloz passou por nós.

Rodrigo e Leonard, sigam o carro pra que nenhum sanguessuga imundo chegue perto delas. — Comandei e eles dispararam na cola do esportivo.

E nós Jake? — Jared perguntou e se eu ainda fosse humano, daria um risinho macabro.

Vamos esquartejar alguns sugadores de sangue. — Rosnei e logo vários lobos corriam velozmente por entre a mata, seguindo o cheiro repugnante.

Eles estão indo pra Forks! ­— Quil exclamou e uma imagem ficou clara em sua mente: Claire.

Vocês sabem o que fazer. — Eu e Leah pensamos ao mesmo tempo e os dois grupos formaram uma meia lua, onde nenhum vampiro passaria. A movimentação inexistente na rua nos proporcionou a utilização da estrada para a corrida. Estava na hora da ação.

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Renesmee P.O.V.

Minhas grandes tristezas neste mundo têm sido as tristezas de Heathcliff, e eu enxerguei e senti cada uma delas desde o início, pois ele é a suprema razão do meu viver. Se tudo o mais perecesse, e só restasse ele, eu continuaria a existir, ao passo que, se tudo permanecesse e ele fosse destruído, todo o universo se transformaria num lugar completamente estranho para mim, de que eu não faria parte. Meu amor por Linton é como a folhagem dos bosques: o tempo o transformará, estou bem certa, assim como o inverno muda as árvores. Meu amor por Heathcliff assemelha-se às rochas eternas que jazem debaixo do chão: é uma fonte de prazer pouco visível, porém necessária. Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre no meu pensamento. Não como uma alegria, já que nem sempre sou uma alegria para mim mesma, mas como o meu próprio ser. Portanto, não me fale outra vez em separação, isso é impossível e...”

Minha leitura foi interrompida por um som meio distante, um som de quatro patas batendo suave, mas rapidamente, contra o solo de terra. Ergui por um momento meus olhos de “O Morro Dos Ventos Uivantes”, mas logo percebi que não era Jake e voltei a minha leitura.

Pelo canto do olho captei meu pai ficar tenso ao lado de mamãe, e logo se levantar, andando até a parede de vidro e acenando positivamente com a cabeça. Tio Jasper também pareceu ficar tenso e logo eu marquei a página e fechei meu livro, levantando-me e indo até o amontoado de vampiros.

— O que houve, Edward? — Mamãe indagou e logo papai virou-se para nós.

— Bem, Seth disse que alguns vampiros com capas foram vistos pelos lobos em ronda. — Soltou rapidamente e eu arregalei os olhos, dando um passo para frente e logo sendo envolvida pelos braços de meu pai.

— Continue Edward. — Carlisle pediu e eu senti papai suspirar.

— Jacob ordenou uma perseguição, eles vão tentar pegá-los. — Meu coração deu um solavanco ao ouvir isso. Jake... caçando, prováveis Volturi.

— Ele quer ajuda? — Tio Emmet perguntou animado e papai negou, me apertando ainda mais contra ele.

— Na verdade eles pediram para ficarmos atentos à Nessie. — Ele explicou, mas só meu subconsciente captou sua frase, já que meus pés me levavam até a varanda.

Há pouco mais de um ano nada assim acontecia: uma ameaça maior que nômades. Agora eu já tinha idade o suficiente para me defender... mas também para ficar muito preocupada. Apenas o fantasma do pensamento de ver Jake machucado já era o suficiente para fazer uma tremenda angustia se instalar em meu peito.

— Ele vai ficar bem. — Ouvi mamãe sussurrar, parando ao meu lado e me olhando carinhosamente. — Todos nós vamos. — Completou e eu concordei, deixando-a me envolver em um abraço protetor.

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Mais de meia hora se arrastou lentamente, sem que eu me afastasse daquela droga de varanda. As piores suposições começaram a brotar em minha mente e eu tentava suprimi-las com força, contando com a ajuda de Jazz, já que cada vez que ele sentia meus sentimentos começarem a borbulhar, ele agia. Mais tarde eu o agradeceria.

Foi quando uma nova onda de pensamentos pessimistas começou a brotar que eu ouvi passadas rápidas, que em seguida pararam, fazendo meu coração dar um salto. Não me dei ao trabalho de descer as escadas e pulei do segundo andar mesmo, esperando um segundo para que Jacob saísse de dentro da mata antes de disparar em sua direção e jogar-me em seus braços quentes.

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Jacob P.O.V.

Apertei Renesmee contra mim, sentindo-me bem como sempre me sentia ao tê-la perto de mim. Senti-a apertando as mãos e fincando as unhas em minhas costas, mas não dei bola e nos separei lentamente, vendo-a sorrir.

— Você está inteiro. — Comentou e nós sorrimos, mas um pigarro quebrou o “clima”.

— Que bom que minha intenção foi atingida. — Edward ironizou e Nessie fez cara feia para o pai.

— Vamos antes que seu pai me expulse sem eu nem ter entrado na casa. — Caçoei e a puxei pela mão até a sala lotada por vampiros, não evitando uma careta ao sentir o cheiro se acentuar.

— Ah, o cachorro está intacto. — Rosalie falou falsamente – eu sei que ela me adora – aborrecida.

— Não posso falar o mesmo de você, pede para o Emmet te dar um descanso, tu tá ficando acabadinha. — Falei calmamente e a loira rosnou, me fazendo rir.

— Rose, deixe o Jacob nos relatar como foi. — Esme falou com a voz levemente dura. — Quer alguma coisa, querido? Posso preparar algo para você. — Ofereceu e eu abri a boca para recusar, mas minha barriga roncou alto antes que eu pudesse falar alguma coisa, fazendo os vampiros rirem e eu ficar um pouquinho constrangido.

— Se não for incomodo. — Murmurei, vendo a vampira (que cozinha bem demais para alguém que não come, e para alguém que come também, eu admito) sair da sala.

— Então Jacob? — Carlisle perguntou, enquanto eu me sentava com Nessie ao meu lado, após dar um rápido abraço em Bells.

— Bem, Collin nos chamou quando viu três vampiros com capas iguais as dos Volturi, nós ficamos alarmados, mas a situação piorou consideravelmente quando nós percebemos que eles estavam seguindo um carro. — Contei e percebi os vampiros ficarem tensos, mas logo o loiro botou o poder dele pra funcionar e todos se acalmaram um pouco.

— Os humanos estão bem? — Perguntou a vampira baixinha.

— Aí está o estranho. — Falei, grato por ela ter me ajudado a chegar ao ponto logo de cara. — Os vampiros sumiram, não sei se por nossa causa, mas eles estavam perto demais! Teria dado tempo de sobra para eles atacarem o carro. — Contei, lembrando-me de quando, em um segundo nós tentávamos abocanhar os sanguessugas, e em outro eles sumiam como a fumaça, deixando apenas o horrível cheiro para trás.

— Eram os Volturi? — Jasper perguntou e eu dei de ombros, não tínhamos conseguido descobrir.

— Acho que não, eu estou vigiando as decisões de Aro. — Alice falou.

— Mas ele pode ter deixado as decisões nas mãos de outra pessoa, ele sabe usar os pontos cegos das suas visões, tia. — Nessie falou e Edward concordou.

— Mas quem eram os humanos perseguidos? — Emmet indagou e eu tive que usar todo minha força de vontade para não deixar minhas emoções transparecerem.

— Bem, pelo que vimos eram as irmãs de David. — Os vampiros conheciam David, então era uma boa referencia. — Samanta e...

? — Renesmee indagou com as sobrancelhas arqueadas, afastando-se um pouco de mim e eu concordei, esperando uma reação da minha híbrida, o que não veio. Nessie continuou impassível, mas com uma pequena ruga entre as sobrancelhas.

— Por que você acha isso, Ness? — Edward indagou, fazendo com que todos nós – não leitores de mente – boiássemos na conversa.

— Er, gente, explicações. — Bella falou, abanando as mãos.

— Essa garota, , é a garota nova. — Explicou, mas não deixou a situação clara. — Ela é... estranha. — Completou.

— Estranha como? — Carlisle indagou, inclinando-se na direção da neta.

— Estranha do tipo quando ela sacou no jogo de vôlei, foi um saque tão forte que eu caí quando recepcionei a bola. — Explicou e eu troquei um olhar preocupado com Edward. — Estranha do tipo que me fez cair com um esbarrão. — Continuou. — E estranha do tipo segurou meus pulsos tão fortemente que eu não consegui me soltar. — Finalizou e eu peguei em sua mão, em um sinal claro para que ela me mostrasse à cena.

E logo a imagem invadiu minha mente, e lá estava ela: linda e irritada, soando claramente ameaçadora.

Você queria guerra Renesmee Cullen... Parabéns, você conseguiu.

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P.O.V.

— O que era? — Perguntei quebrando o silencio que eu havia mantido desde a casa de Hiley e fixando meus olhos em Samy.

— O quê? — Fez-se de desentendida e eu bufei, agarrando meus cabelos e controlando minha irritação. Ou tentando.

— Não se faça de burra! — Exclamei, segurando-me para não gritar com ela. — Algo estava te assustando! E eu quero saber o que é! — Exigi e vi Samy desviar o olhar. Esperei por uma resposta que demorou a vir, com minha paciência já esgotada, eu soltei: — Vocês acham que eu não percebo as coisas estranhas que acontecem com a gente?! Desde sempre! — Era uma pergunta retórica, mas pareceu repercutir para minha irmã, que buscou o olhar de David, que entrava preocupado na sala.

... — Começaram, mas eu os cortei com um levantar de mão.

— Se vocês não querem me contar, beleza. — Soltei com raiva. — Eu descubro. Sozinha. — Finalizei, subindo as escadas e batendo o pé.

Tranquei-me no quarto e me joguei na cama, escondendo o rosto entre as mãos e tentando me acalmar. Eu não delirei, era real, aquela... coisa parada no acostamento da estrada não era fruto da minha imaginação. A grande agitação entre as árvores também não. Levantei e soquei a primeira parede que estava em minha frente, sentindo as lágrimas de raiva brotarem e escorrerem por meu rosto.

Engoli um grito e abri com força a porta de vidro que dava na sacada, cambaleando até lá e buscando ar puro. Agarrei a proteção da sacada, tentando parar os tremores de meu corpo e piscando várias vezes, tentando parar de ver em vermelho e espantar as lágrimas idiotas e teimosas que nublavam minha visão.

Mordi meu lábio fortemente, impedindo um soluço escapasse de meus lábios. Logo o gosto de sangue me tomou a boca, mas não me importei, sempre gostei do gosto de sangue – eu sei que é estranho. Senti minha respiração começar a se normalizar e deixei minhas pernas cederem ao meu peso e me sentei, abraçando-as e apoiando minha cabeça nos joelhos.

Deixei meus olhos se perderem entre a mata e de repente meu coração falhou uma batida ao ver aqueles grandes olhos negros – os mesmos que me observavam na casa de Seth – embrenhados por entre as árvores. Fiquei de pé em um pulo, indo para a beirada da sacada, mas os olhos haviam sumido.

De novo.

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Confesso que não acreditei quando acordei e vi que estava fazendo Sol em La Push. Qual é? Sol era quase algo extinto em meu dicionário e no meu dia-a-dia, ok? Então isso pode justificar e minha micro (?) crise de felicidade que me fez sair do quarto – constatando que a casa estava vazia, o que não é nenhuma novidade – e ir até o jardim.

A cada dia naquela cidade as coisas ficavam mais estranhas, coisas inexplicáveis – pelo menos até agora – estavam acontecendo ao meu redor e eu fui fútil o suficiente para me fazer de cega por todo esse tempo. Mas agora as coisas não seriam mais assim, eu descobriria. Eu não blefei quando disse que descobriria tudo sozinha.

Só tenho que saber por onde começar...

Meus olhos foram atraídos por aquela mata que, iluminada pelos tímidos raios solares, parecia extremamente convidativa a um passeio. Loucura? Talvez, mas nada era totalmente lúcido na minha vida e as melhores coisas provinham de impulsos, não é mesmo? E foi com esse pensamento que meus pés me guiaram quase que irracionalmente na direção do verde.

O ar pareceu ficar mais puro, meus pelos se arrepiaram e eu senti algo diferente, parecia que eu estava, finalmente, em casa. Mesmo dentro da mata, aquelas árvores pareciam se conectar uma na outra e invadirem minha alma. Como se quisessem saber meus mais profundos segredos... e como se eu quisesse que elas soubessem também.

Ok, até que eu filosofei agora.

Balancei minha cabeça e segui por entre a mata, soltando um risinho. Depois eu dava um jeito de voltar, não seria difícil.

Logo avistei a margem do rio, as águas cristalinas desciam na direção do mar que não estava muito distante. Resolvi acompanhar o curso do rio, então tirei minha rasteirinha e pisei na água gelada, o que mandou uma forte onda de arrepios por minha coluna. Descobri que a margem não era funda e que eu podia caminhar com os pés submersos, então o fiz.

Deixei que meus pés me guiassem enquanto eu mergulhava nos meus pensamentos e só me dei conta de onde estava quando percebi um barulho de queda da água próximo. Franzi o cenho e achei inteligente sair de dentro do rio. Desci um morro para poder visualizar uma bela cachoeira, não violenta, só... bela. Um fraco arco-íris tentava ganhar forma e parecia me chamar para dentro d’água.

Sorri enviesada e comecei a tirar minhas roupas – não era como se alguém fosse me ver ali, no meio do mato – até ficar apenas de roupa intima. Avancei lentamente até a beirada e percebi que ali já era um pouco mais fundo, como um lago de águas cristalinas, totalmente encantador.

Um barulho de galho se quebrando fez com que eu levantasse minha cabeça com velocidade e encarasse um garoto que não estava ali antes. Um garoto maravilhoso que não estava ali antes. Abri a boca para gritar de susto, mas meu pé pisou no vazio e a próxima coisa que eu senti foi o choque da água gelada contra minha pele e o ar sumir dos meus pulmões para em seguida uma dor lancinante ser concentrada em minha nuca.

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Jacob P.O.V.

A noite anterior tinha sido conturbada, ainda mais para mim, e as coisas tenderam a piorar depois que Nessie compartilhou a pequena discussão entre e ela. Não sabia se ficava aliviado de as duas não serem melhores amigas, ou se ficava preocupado com o possível desenrolar dessa rixa entre elas... E eu não seria hipócrita ao ponto de ignorar que, mais cedo ou mais tarde, eu estaria metido no meio dessa briga.

Bem, não pude evitar que meu ego inflasse com esse pensamento, para um cara que já disputou uma mulher – e perdeu –, não seria nada ruim ter duas, belíssimas, garotas me disputando... OK! Eu não acredito que pensei isso, que coisa mais idiota!

Eu preciso me distrair, ou vou enlouquecer. Não é seguro ir fazer ronda enquanto meus pensamentos não estiverem mais controlados, então resolvi dar uma volta. Na forma humana mesmo, aturar Seth não estava nos meus planos do dia.

Por incrível que pareça, tinha Sol em La Push, o que queria dizer que deveria ter bastante gente aproveitando a praia – que rapidamente foi descartada da minha lista de lugares para ir.

A mata estava me chamando e eu não pensei duas vezes antes de me embrenhar entre as árvores. O verde costumava me acalmar e eu torcia para que hoje não fosse diferente.

Avancei com calma, hoje era meu dia de folga, então não havia motivo para pressa. Mas esse pensamento foi completamente varrido para o fundo de minha mente quando aquele cheiro invadiu meus sentidos. Meu coração idiota acelerou tanto que o barulho começou a ecoar nos meus ouvidos, os pelos de minha nuca se eriçaram e quando dei por mim, eu já estava farejando o ar como um cachorro e saindo correndo.

não seria idiota ao ponto de entrar em uma mata que ela não conhece, seria? Acho que eu não quero saber a resposta.

— Droga, esteja bem! — Resmunguei involuntariamente. Digamos que a floresta que cercava a reserva já foi mais segura...

O cheiro se intensificou e logo o barulho da água foi ouvido.

Melhor ainda! A garota deve estar em território dos Cullen! A pressa aumentou e eu corri em direção ao rio, controlando a vontade de me transformar para chegar mais rápido. Assim que senti estar perto dela, diminuí um pouco minha velocidade e espiei por entre a mata e meu coração pareceu parar para depois acelerar tanto que temi que a garota ouvisse.

Ela estava puxando o short para baixo e eu não me senti nem um pouco culpado pelo pensamento sem vergonha que me tomou, que era um claro “continua”. Agora não tinha uma camisa do maldito Seth para atrapalhar minha visão, na verdade, não tinha praticamente nada atrapalhando minha visão! Apenas um lingerie vermelho sangue que destacava a pele morena.

As pernas longas e grossas, as coxas maravilhosamente torneadas, a cintura fina e os seios no tamanho certo para o restante do corpo. Os cabelos castanhos e escuros tinham sido jogados para trás, propiciando melhor visão de seu pescoço e rosto. E foi esse conjunto de visões que fizeram com que todas as minhas habilidades sobre-humanas sumissem e eu pisasse em um maldito galho, que fez um maldito barulho, que fez a bendita garota levantar aqueles olhos incomuns para mim.

Foi tudo muito rápido: o choque cruzou o rosto perfeito, a boca cheia se abriu... e ela caiu na água, afundando completamente em uma das partes mais fundas do lago que eu conhecia tão bem. Na mesma velocidade que tudo isso aconteceu eu corri na direção da água e mergulhei. estava com os olhos fechados e parecia não conseguir voltar à tona por conta própria. Uma dor extremamente forte atingiu meu peito ao vê-la naquele estado. Eu rezei para que não fosse muito tarde e a enlacei pela cintura, dando impulso com facilidade para cima e nadando até a margem, deitando-a no chão e a observando.

— Vamos lá garota, não faz isso comigo! — Murmurei, segurando levemente sua nuca e levantando-a. O cheiro que ela exalava estava muito mais forte e eu pedi internamente para que nenhum Cullen estivesse caçando nas redondezas, senão eles seriam atraídos pelo cheiro.

Ao tocar a parte de trás de sua cabeça, senti algo pastoso em meus dedos e logo reconheci o que era: sangue, bastante sangue. A sentei para ver o machucado e acabei constatando que o ferimento não era nem um pouco pequeno e aquilo me desesperou imediatamente. Catei as roupas dela e peguei no colo, apoiei sua cabeça em meu peito e saí correndo por entre a mata.

, acorda, por favor, acorda. — Resmunguei baixinho. Um gemido escapou de seus lábios e eu parei, já perto de minha casa, para olhá-la acordar. Lentamente, muito lentamente ela abriu os olhos e eu ofeguei quando nossos olhos se encontraram e os orbes uísque dela cintilaram cativantemente.

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P.O.V.

Minha nuca latejava irritantemente e eu senti o vento relativamente gelado bater contra minha pele, mas eu não sentia frio, algo quente demais me envolvia.

, acorda, por favor, acorda. — Um resmungo me chamou de volta para a realidade e eu tentei levantar minha cabeça, o que me fez soltar um gemido de dor. Percebi que estava em movimento quando senti a pessoa que me carregava – pelo menos eu esperava que fosse uma pessoa – parar. Uma respiração quente bateu contra meu rosto e eu forcei meus olhos a se abrirem.

A claridade inicial incomodou minhas pupilas, mas logo a forma de uma pessoa começava a ficar nítida em minha mente. Assim que consegui focalizar tudo corretamente, eu arregalei os olhos ao me deparar com dois orbes negros que me olhavam de modo preocupado. Senti-me imediatamente aquecida internamente e suspirei.

Se eu estivesse em condições mentais normais – pelo menos nos meus parâmetros – eu teria gritado, esperneado, chutado, enfim, eu teria dado um piti, mas não era a hora. A dor na minha nuca estava latejando fortemente e o calor dos braços que me envolviam me deixavam segura, então eu apenas recostei minha face no peito nu e forte, enquanto minha face se contorcia numa careta de dor. Quando puxei o ar, senti um frio subir por minha barriga.

Era aquele cheiro que estava na minha casa. Logo as sensações deliciosas começaram a me invadir, dessa vez sem a parte ruim. Eu apenas queria mais do cheiro dele, do toque dele, do calor dele, enfim, eu queria ele. E isso me chocou. Parecia uma droga, que experimentando uma vez, fazia a pessoa se tornar dependente. Mas era bom. Muito bom. Pelo menos por enquanto.

Percebi que o garoto recomeçou a se mover com velocidade e que logo abria uma porta e me colocava gentilmente sentada em um sofá.

— Eu já volto. — Ele sussurrou com uma voz rouca e máscula e eu fiquei entorpecida demais para ter qualquer reação.

Mas assim que ele saiu, o frio me atingiu com força e foi só ai que eu percebi que estava apenas de calcinha e sutiã. Antes de processar devidamente aquela informação, o garoto estonteante já estava ao meu lado, sem que eu ao menos escutasse seus passos.

— Deixe-me ver sua nuca. — Sussurrou e eu não me movi, apenas o observei ir até minhas costas. — Estranho. — Soltou ele e eu franzi o cenho. — Isso aqui estava bem maior e mais fundo lá no lago. — Comentou e eu dei de ombros antes de sentir um pano molhado e quente limpar com delicadeza o machucado, para depois algo pastoso ser colocado no epicentro da dor chata em minha nuca. — É um unguento para cicatrizar. — Explicou calmamente e eu soltei um murmúrio em concordância. — O gato comeu sua língua, ? — Perguntou. Fiquei surpresa ao reparar nisso, já que eu sou sempre super faladeira. Aquele garoto me deixou mais retardada do que eu já sou.

­— Como sabe o meu nome? — Perguntei e ele riu.

— Pelo menos você falou. — Fez piada e eu dei um sorriso torto. — A reserva é pequena e o Seth é um fofoqueiro que não cala a boca. — Respondeu o garoto divertido. — A propósito, eu sou Jacob. — Sorri e virei um pouco meu rosto para ele, que pegava um band-aid que estava em cima da mesa de centro.

— Prazer, Jacob. — Falei e ele me lançou um sorriso luminoso antes de voltar a cuidar de meu machucado. — Maneira interessante de se conhecer uma pessoa, não? — Comentei displicente.

— Nunca aconteceu comigo, pelo menos. — Jacob concordou e eu senti seus dedos mais quentes que a toalha molhada em meu pescoço, fazendo todos os meus pelos se eriçarem em meu corpo, ele provavelmente percebeu, já que soltou um riso nasalado. — O que você estava fazendo no meio da floresta? — Perguntou e eu percebi a curiosidade explicita na sua voz.

— O que você estava fazendo na floresta? — Retorqui antes que eu me controlasse. — Se você pode, eu também posso. — Completei desafiadora. Ele saiu de trás de mim para o meu lado de novo, me olhando com uma sobrancelha arqueada.

Eu moro aqui desde sempre e eu conheço a floresta. Entendeu a diferença? — Respondeu afiado e eu rolei os olhos.

— Isso não justifica. — Resmunguei e o vi sumir novamente, me deixando com frio de novo. Ele logo voltou, estendendo uma camisa preta para mim.

— Suas roupas molharam. — Explicou quando eu o olhei, desconfiada. Peguei a camisa, me levantando do sofá e vestindo a camisa, sentindo seu olhar queimar minha pele. — Mas você não respondeu minha pergunta. — Comentou, enquanto eu puxava a camisa um pouco mais para baixo.

— Eu quis dar uma volta. — Não sei por que eu o respondi, odiava as pessoas – ainda mais que eu não conhecia direito – se metendo na minha vida. Só que eu já disse que as coisas estão estranhas comigo aqui. 

Quando fui tirar o cabelo do meu rosto e de meu pescoço, bati com o dedo no irritante machucado, fazendo-me gemer baixinho.

— Você está com muita dor? — Ele indagou subitamente preocupado. — Vem, vamos para o médico. — Jacob segurou meu braço, mas eu neguei com a cabeça.

— Não precisa disso, Jacob, não é nada sério. — Puxei meu braço e ele me analisou. — É só eu ir para casa e tomar um analgésico. — Completei, mas foi à vez dele negar.

— Você não vai a lugar nenhum, pelo menos não sozinha. — Decretou e eu bufei, cruzando os braços. Que garoto mandão! — Seus irmãos estão em casa? — Perguntou.

— Acho que não. — Respondi e o observei ir até o telefone que estava na parede e discar o número de minha casa. Franzi o cenho, estranhando o fato de ele saber o número do telefone de minha casa de cor.

— É, não tem ninguém em casa. — Confirmou após um tempo esperando alguém atender ao telefone.

— O que quer dizer que...? — Instiguei.

— Que você vai ficar aqui. — Ele sorriu e eu arregalei os olhos.

— POR QUÊ?! — Eu juro que não queria ter berrado, mas escapou.

— Porque eu não vou ser irresponsável ao ponto de deixar você sozinha estando machucada. — Respondeu, cruzando os braços, como se me desafiasse a contestar.

Resmunguei, conversei, bati pé, ameacei, rosnei, gritei, dei um piti, mas o idiota do garoto não me deixou ir embora. E olha que eu tentei, eu saí correndo, mas ele me alcançou e me agarrou, levando-me de volta para a sala. Desisti e perguntei onde era o banheiro, ele indicou a última porta do corredor e eu segui para lá. Xingando o maldito sorrisinho que ele ostentava.

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Jacob P.O.V.

Essa garota é muito teimosa. Deve ser de família, mas mesmo assim, é surpreendente o quanto ela é cabeça-dura. E brava. E linda. Absurdamente linda.

Observei-a andar – me xingando – até o banheiro e fui obrigado a rir. Mas logo minha risada morreu quando eu reparei melhor no movimento de seu quadril enquanto ela andava. Deixei minha cabeça tombar de lado e analisei-a mais profundamente. Que pernas, meu Deus, e que bunda. Ela deveria ser trancada em casa para não enlouquecer os homens e deixar as mulheres se roendo de inveja.

Meu olhar pousou em sua nuca no último instante antes de ela entrar no banheiro. Eu não estava louco, tinha visto aquele machucado fundo demais para sarar tão rápido. Ela não era uma loba – pelo menos não que eu saiba – então isso era impossível.

Balancei minha cabeça e fui para cozinha, abri a porta da geladeira e fiquei olhando tudo o que tinha lá – e que era bastante coisa, já que eu como pra caramba. Já era quase meio dia, então eu faria o almoço.

Inconscientemente – ou não tão inconscientemente assim – eu comecei a prestar atenção em . Escutei ela resmungar alguma coisa sobre o cabelo dela estar ridículo – o que não era verdade – e ela ligar a torneira da pia. Depois de uns dois minutos ela saiu do banheiro, fazendo bico, andando de braços cruzados e pisando duro até a cozinha. Não deixei de perceber que ela tinha dado um jeito de prender o cabelo em um coque bagunçado, que ficou muito bem nela.

Deus! Será que tem como essa garota ficar um pouco menos que maravilhosa?

— Você sabe cozinhar? — Perguntou surpresa e eu dei de ombros.

— Por que o choque?

— Bem, os garotos que eu conheço são uma desgraça na cozinha. Meu irmão vive de comida congelada. — Respondeu com um sorriso zombeteiro, que fez o rosto dela ficar ainda mais lindo. — Quer ajuda? — Perguntou. — Jacob. — Chamou. — Hey, Jacob! — Falou mais alto e eu desgrudei os olhos de seu rosto.

— Ah, pode ser. — Eu falei e ela andou até mim.

— Vai fazer o quê? — Perguntou e eu dei de ombros. — Então eu já sei, vamos ver se você gosta. — Ela pegou batatas, carne e mais um monte de coisas.

— Vai aprontar o quê? — Perguntei, arqueando uma sobrancelha.

— Confia em mim. — Respondeu após soltar um risinho.

— E por que eu faria isso? — Alfinetei.

— Porque, senhor desconfiado, você me carregou no colo até aqui, sendo que, em primeiro lugar, eu não te conhecia; segundo, eu estava desacordada; e terceiro, mas não menos importante, eu estava seminua. — Enumerou “angelicalmente” e eu mordi o interior de minha boca para não sorrir.

— Ok. — Suspirei e foi a vez dela arquear a sobrancelha, convencida.

Enquanto ela preparava um tal de escondidinho de carne, eu a ajudava de vez em quando, mas quando não estava ocupado – ok, até quando eu estava ocupado – ficava observando-a.

Eu me sentia tão instintivo perto dela. Pode ser estranha essa definição, mas foi a melhor que eu encontrei. Eu agia puramente guiado por meus instintos, já que minha mente estava totalmente conectada nela. Desde o jeito que ela franzia a testa, ou do modo preciso que ela esfaqueava a coitada da batata, ou como minha blusa preta ficava linda nela. Até o jeito que o peito de subia e descia com sua respiração era hipnotizante.

Foi quando ela se abaixou para colocar no forno a comida, que sua – quer dizer, minha – camisa subiu demais e eu vi umas letras logo acima da barra da calcinha. Franzi o cenho, ela tinha uma tatuagem?

— Só esperar um pouquinho. — Comentou se levantando e eu forcei minha mente a voltar a trabalhar. — Tem refrigerante? Ou você quer suco? — Perguntou e eu fui até a geladeira, depois de me forçar a deixar de olhar ela.

— Tem Coca-Cola, gosta? — Falei e ela concordou.

— Quem não gosta? — Devolveu.

— Boa pergunta. — Admiti e ela sorriu de canto. passou rapidamente os olhos pela cozinha, parecia procurar alguma coisa.

— Hã, os pratos? — Ela inquiriu e eu indiquei um armário alto.

Queria ver tentar pegar e ela foi lá. Mesmo se esticando toda e ficando na ponta dos pés, não alcançou. Ri de suas tentativas frustradas e caminhei até ela, grudando meu corpo em suas costas de propósito e erguendo o braço, pegando dois pratos com facilidade.

Mas eu não estava nem aí para os pratos, estava concentrado demais em perceber como a Natalier estremeceu quando me encostei a ela. Tive que usar toda a minha força de vontade para não sorrir ao ver que ela também se arrepiou dos pés a cabeça, antes de se virar de frente para mim.

­— Você é muito baixinha, . — Zombei, deixando meus instintos me guiarem novamente. Ela abriu a boca para responder, mas parece que desistiu no meio do caminho quando eu tirei uma mecha de cabelo que tinha escapado do coque improvisado e estava em seu rosto e a coloquei atrás da orelha, enquanto eu botava os pratos seguros na bancada. Os orbes uísque, que tinham pontos azulados e luminosos, se arregalaram levemente, destacando os cílios longos e escuros.

— Jacob... — Alertou em voz baixa, que provavelmente eu não teria ouvido sem minha audição avançada. Antes que eu pudesse evitar, meu olhar foi desviado para seus lábios cheios e eu me aproximei ainda mais dela, praticamente prensando-a contra a bancada da cozinha. soltou um gemido baixo quando nossos corpos se encostaram, sendo somente separados pelo tecido da camisa que ela usava.

— Você ficou linda com a minha blusa. — Sussurrei abaixando meu rosto em sua direção. Ela abriu um meio sorriso e foi a vez dela desviar os olhos dos meus. Não pude conter um sorriso quando vi que ela olhava reto, o que para ela significava olhar meu tronco sem camisa.

Repousei minhas mãos em sua cintura e ela voltou a olhar para o meu rosto, mordendo o lábio inferior – um ato muito sexy, a propósito. Prensei ainda mais o corpo pequeno contra a madeira, e logo ela se esticou em minha direção, abaixei mais o rosto, raspando nossos narizes.

Senti meu coração disparar tanto que temi que ela escutasse, assim como eu escutava o coração dela bater violentamente contra suas costelas. O imprinting agindo como nunca tinha acontecido antes comigo e a sensação era simplesmente maravilhosa. A adrenalina corria solta por minhas veias juntamente com outros hormônios e eu só via ela, se ela respirava, eu respirava, se ela sorria, eu sorria, se ela vivia, eu vivia. A necessidade de tomar ela para mim era arrasadora e eu sabia que não ia conseguir me segurar por muito tempo.

Meu nariz fez um caminho sinuoso até que fosse a vez de nossas bocas roçarem uma na outra. entreabriu os lábios e ficou na ponta dos pés, conseguindo prensar sua boca na minha – mesmo com um pouco de dificuldade. Meus dedos se firmaram em sua cintura e a ergui rapidamente, fazendo-a sentar sobre a bancada em que a prensava antes, e grudei de vez meus lábios nos dela, puxando-a pela cintura. A morena espalmou as mãos na bancada, o que foi um erro, já que os dois pratos foram parar no chão. O barulho fez se sobressaltar e acabar separando nossos lábios antes que eu aprofundasse o contato.

— Jacob... — A frase dela foi interrompida por um suspiro quando eu mordi sua bochecha. — Os... Os pratos. — Ela avisou, mas eu a ignorei prontamente, sugando a pele deliciosa de seu pescoço, fazendo-a se render.

Só que parece que muitas coisas conspiram conta mim, já que o forno apitou e ela pulou, pondo-se de pé imediatamente e correndo até nosso almoço. Ainda com os olhos fechados eu soltei um risinho descente, mas logo me virei para observar colocar a forma com o escondidinho na mesa. Recolhi rapidamente os cacos dos dois pratos, peguei outros dois, junto com os talheres, os copos e a Coca e botei tudo em cima da mesa, que ela arrumou rapidamente. Enquanto eu a olhava, é claro.

Os cabelos escuros estavam mais bagunçados que antes, as bochechas um pouco coradas, uma pequena marca onde eu havia mordido – o que me fez sorrir –, a blusa amassada e sem falar que ela estava visivelmente nervosa.

pegou meu prato e colocou uma generosa fatia do assado nele, logo o colocando na mesa de novo. Sorri e antes que ela pegasse o próprio pedaço, eu já estava atrás dela, segurando sua cintura e a puxando para mim. A brasileira soltou a grande colher e suspirou em reação ao carinho que eu fiz com meus lábios em sua nuca, perto do curativo.

— Jacob. — Ela disse firme, virando-se para mim e espalmando a mão em meu tórax e olhando o chão, dando um passo para trás. — Nós nos conhecemos hoje... — Ela fincou suas unhas em minha pele quando a puxei com um pouco de força para mim de novo. — Isso não é certo. — Ela murmurou me olhando e eu concordei, pensando com clareza pela primeira vez desde que ela se aproximou, então eu deixei minhas mãos caírem de sua cintura.

— Ok, me desculpe . — Pedi com sinceridade e ela sorriu, afirmando com a cabeça, parecendo relutante em tirar as mãos de mim.

. — Ela disse, sentando-se enquanto eu dava a volta na mesa.

— Hã? — Fiz, não entendendo.

— Pode me chamar de . — Explicou e eu concordei, sorrindo.

— Jake. — Disse para ela, que sorriu para mim. — Então, está gostando daqui? — Perguntei tentando manter uma conversa para espantar o possível clima tenso, servindo Coca no copo dela e depois no meu.

— Já fiz alguns amigos na escola. ­— Ela disse e eu segurei a vontade de perguntar sobre Renesmee. — Mas as coisas são bem diferentes por aqui. — Continuou, brincando com sua comida.

— Você sente falta de algum amigo? — Indaguei, provando um pedaço da comida dela e soltando um murmúrio de aprovação, fazendo-a rir.

— Bem, de três amigas para ser mais específica. — Respondeu calmamente, mas eu percebi que ela sentia muita saudade dessas garotas. — Mas eu já estou meio que acostumada com isso. — Murmurou e eu quase pulei da cadeira para abraça-la e dizer que eu faria com que ela se esquecesse do mundo... Mas isso iria parecer muito estranho. E gay. Definitivamente gay. — E você, senhor Jacob? É normal você ficar tirando garotas da floresta? — Indagou divertida e eu revirei os olhos.

— Você sabe que eu salvei sua vida, não é? — Perguntei, me inclinando em sua direção e ela fez o mesmo.

— E você sabe que eu só caí no lago porque você me assustou, não é? — Retorquiu no mesmo tom, fazendo meu rosto se contrair em uma careta.

— Ok, eu acho que estamos quites então. — Admiti contra minha vontade e ela sorriu convencida. O telefone tocou e eu me levantei para atender. — Alô. — Disse.

Hey Jake! — Uma voz feminina falou do outro lado. — É a Samy, a tá aí? — Ela disse como se lesse minha mente, já que eu não fazia ideia de quem era.

— Ah, oi Samy. — Sorri, fazia muito tempo que não falava com ela. — Ela tá aqui sim, quer falar com ela? — Perguntei e vi se mexer na cadeira e cruzar os braços.

Ela está de braços cruzados e com uma expressão assassina? — Perguntou.

— Er, sim. — Soltei, coçando minha nuca.

Bem, acho que ela não quer falar comigo. — Samanta disse e eu me surpreendi pela precisão dela ao deduzir isso. — Jake, será que ela poderia ficar aí o dia inteiro? — Pediu e eu virei de costas para a garota que estava na cozinha, deixando que meu sorriso crescesse.

— Claro, claro. — Respondi, tentando não parecer muito afobado.

Ai, valeu Jake, eu passo aí para buscar ela perto do fim da tarde. — Ela pareceu bastante aliviada.

— Não precisa se incomodar, Samy, eu levo ela na casa de vocês. — Disse.

Eu não quero abusar de você. — Ouvi a Natalier mais velha dizer.

­— Não é incômodo. — Falei sincero. Passar meia hora em um carro, sozinho, com Natalier nunca seria um incômodo para mim.

Ah, então obrigada mais uma vez Jacob.

— De nada, lá pelas sete eu apareço aí. — Avisei e nos despedimos, fiquei, ou tentei ficar, com a expressão neutra antes de me virar para .

— O que a Samanta queria? — Perguntou, acompanhando com os olhos eu voltar para a mesa.

— Perguntar se você pode passar o dia aqui. — Observei discretamente ela parar de levar o garfo à boca e me olhar chocada. — Eu disse que pode. — Continuei e ela engoliu em seco. — Não tem problema, não é? — Indaguei calmamente e ela negou, mas parecia muito nervosa. — Ótimo. — Soltei.

Nós almoçamos mantendo uma conversa amena e logo eu lavava a louça e ela secava. Confesso que achei que ela ia se cortar quando pegou uma faca para secar e eu passei o braço perto dela – de propósito – de tão nervosa que ela ficou. Foi quando eu guardei os pratos no armário que escutei ela bater na madeira da mesa da cozinha. Olhei-a indagando o que estava havendo e ela me fitou de um modo raivoso. E lindo.

— Sabe, se eu vou passar o dia aqui, você poderia colocar uma camisa, não é? — Rosnou e eu ri.

— Desculpe senhorita Natalier, mas eu não sabia que o fato de eu estar sem blusa te afetava tanto. — Alfinetei e ela bufou, indo até a sala pisando duro, e eu a segui.

— Mas incomoda! — Exclamou, virando-se para mim. — Você pode colocar uma camisa?

— Só se você me disser por que isso te incomoda. — Continuei e ela praguejou baixinho.

— Só me incomoda. — Resmungou ela e eu arqueei uma sobrancelha, duvidando. — Arg, Jacob! Você tira minha concentração andando sem blusa, satisfeito?! — ficou a um passo de gritar e eu tive que me controlar para não rir da cara de espanto que ela fez quando percebeu o que disse.

— Mais ou menos. — Respondi e ela me olhou impaciente.

— O que foi agora? — perguntou e eu andei em sua direção. Ela se afastou. E nós continuamos naquilo até que ela de chocasse contra a parede.

— Eu ainda estou com vontade de te beijar. — Respondi, ficando muito próximo dela.

— Que ótimo. — Ela disse em um fio de voz e eu dei um sorriso de canto para ela. — Mas você pode colocar uma camisa Jacob? Eu falei sério quando eu disse que fico meio desconcentrada. — Murmurou novamente, com a voz vaga.

— Você também me desconcentra, mas eu gosto. — Retruquei e ela levantou o olhar para mim. Foi impressão minha ou ela corou?

— Pelo menos um de nós está confortável. — Murmurou, tentando sair pelo lado, mas eu coloquei meu braço na parede, fazendo-a me olhar entediada. — Sério isso? — Soltou e eu arqueei de novo minha sobrancelha, colocando minha mão livre em sua cintura e a apertando de leve.

se encostou à parede e eu me aproximei mais dela, que virou o rosto, mordendo o lábio, mas deu a oportunidade para que eu passasse a boca em seu pescoço, sentindo ela se arrepiar e seus músculos relaxarem. Fiquei surpreso quando senti seus dedos me puxando pela barra da bermuda que usava e seu rosto ser virado para mim, o castanho de seus olhos brilhando de um modo diferente, quase como fogo. Foi ela quem tomou a iniciativa e aproximou nossos lábios, roçando-os levemente. Confesso que eu não estava com muita paciência, então logo grudei de vez nossas bocas. Mas assim que o contato se firmou, o grito que os garotos de La Push soltam para avisar a chegada soou, fazendo com que ela escapasse por debaixo do meu braço e me deixasse – novamente – com cara de tacho.

Não demorou muito para que Seth e Embry entrassem na minha sala de estar e interrompessem de vez o meu beijo.

? — Seth se impressionou e observei-a sorrir e correr até ele, abraçando-o.

— Oi meninos! — Exclamou, já pulando em cima de Embry enquanto os dois me olhavam desconfiados, eu apenas revirei os olhos e cruzei os braços.

— O que você tá fazendo aqui? — Embry indagou, mantendo um braço ao redor da cintura de , fazendo o ciúme rosnar ensandecido dentro de mim, ainda mais por ela estar usando aqueles trajes – se é que se pode dar esse nome ao que ela estava usando – grandes.

— Coisas dos meus irmãos. — Respondeu, erguendo uma sobrancelha na minha direção, como se me desafiasse a contestar.

— E vocês? O que vieram fazer aqui? — Tive que usar todos os meus dotes artísticos para não soar seco demais.

— Viemos fazer uma visita. — Seth soltou rapidamente, arregalando os olhos e eu entendi que eles queriam falar sobre a matilha.

Sem saber muito que fazer, eu acabei ligando a TV em um jogo de futebol americano e logo os dois folgados já se jogaram no sofá. Busquei o olhar de e percebi que ela me olhava, mas ela rapidamente desviou os olhos do meu.

As horas se arrastaram torturantemente com sentada entre Embry e Seth, conversando, brincando e comentando o jogo, enquanto eu só ficava observando-a, discretamente por causa dos dois patetas aqui presentes. Olhei no relógio e vi que já passava das cinco horas, então tratei de espanta-los.

— Daqui a pouco eu tenho que leva-la para casa. — Foi a primeira desculpa que surgiu em minha mente e os dois pareceram engolir.

— Jake, nós precisamos conversar... — Seth sussurrou e eu o interrompi com um aceno de cabeça.

— De noite, na clareira. Passem o recado. — Disse e os dois concordaram, correndo para dentro da mata e me fazendo sorrir. Aleluia! Não aguentava mais os dois de vela aqui. Voltei para dentro de casa e encontrei a “visitante” sentada confortavelmente no meu sofá.

— Vai tentar me beijar de novo? — Perguntou sem desviar os olhos da TV.

— Vontade eu tenho, mas provavelmente algo ou alguém vai nos interromper de novo. — Respondi e vi abrir um meio sorriso.

— Você é insistente. — Comentou, finalmente levantando os olhos para mim. Eu andei e sentei ao seu lado, olhando para frente.

— Você não imagina o quanto. — Concordei e percebi que ela sorriu, para logo repousar a cabeça em meu ombro. Um trovão soou ao longe e logo um raio cortou os céus. ergueu a cabeça e soltou um suspiro. — Não gosta de chuva? — Perguntei, olhando-a.

— Gosto, mas eu tinha esperança de que amanhã o Sol aparecesse também. — Respondeu calmamente.

— Quer ir para casa? — Falei e ela negou.

— Não agora. — Murmurou, voltando a se recostar em mim. Aproveitei que ela tinha dado o “primeiro passo” e passei o braço em torno dela.

— Vocês brigaram? — Indaguei novamente e ela concordou, mas ficou em silêncio em seguida, o que soou como um claro “não quero falar sobre isso, obrigada”.

Para ser sincero, eu não sei quanto tempo passou e que ficamos naquela posição, vendo TV. Pelo menos eu acho que ela via, já que a pequena parte sã de minha mente trabalhava incansavelmente tentando descobrir o que era aquela sensação que vinha com a presença de . Não parecia muito certo estar tão dependente dela – sendo que eu a vi apenas duas vezes –, mas eu não me lembrava do motivo para essa sensação de algo estar pisando em vermelho e neon em minha mente: PERIGO! ERRADO! Mas era só olhar para o rosto angelical e ao mesmo tempo extremamente sedutor da adolescente ao meu lado que esses avisos sumiam sem deixar rastros, como se jamais tivessem me atormentado.

— Acho que já podemos ir. — me despertou dos meus devaneios, levantando o rosto para mim e flagrando-me em plena observação dela.

— Ok. — Balbuciei, sentindo minhas bochechas esquentaram um pouco devido ao “flagra”, o que era muito estranho, devido a minha alta temperatura constante. Ela se levantou e vasculhou a sala com os olhos até achar suas roupas dobradas em cima de uma mesa que estava encostada na parede.

andou calmamente até aquela mesa e eu apenas acompanhei seu andar – extremamente parecido com o de um felino – e meu coração disparou como se soubesse que alguma coisa muito boa iria acontecer. E aconteceu. Aquela maluca – linda – puxou a minha camisa pelo pescoço, deixando mais uma vez aquele corpo escultural a mostra.

Deus! Será que tem como alguém ser mais... gostosa? Nem vampiras tinham um corpo tão perfeito. O lingerie era o suficiente para deixar minha imaginação divagar por entre seu corpo curvilíneo. pareceu perceber que eu a encarava e rolou os olhos, jogando a camisa na minha cara e eu logo a tirei, mas ela já vestia o short e pegava a blusa. Pisquei com sua rapidez e ela riu para mim.

— Vamos logo, Jacob. — Resmungou e eu concordei, colocando a blusa que antes ela usava e sentindo seu cheiro impregnar meus sentidos. Levantei e peguei as chaves do carro, lançando a ela um olhar cobiçoso que eu não sei como surgiu, antes de ir para a garagem.

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P.O.V.

Pode parecer exagero, mas acredite, não é. Aquele garoto não podia ser real. Meu corpo praticamente entrava em combustão por causa de um olhar. Ok, eu acho que era “tensão” acumulada dos castos – para minha felicidade (?) – beijos que nós trocamos. Só de me lembrar desses toques, eu sentia aquelas patéticas borboletas no estômago. Não sabia se eu maldizia ou se agradecia as interrupções. Eu sempre fui bem... como eu posso dizer? Fogosa, mas conseguia impor limites aos meus amassos, mas não sei se isso seria viável se tratando de Jacob Black. Uma parte de mim tinha medo das sensações que ele mandava como uma avalanche para mim, já a outra parte me dizia para mandá-lo parar o carro e agarra-lo aqui mesmo – no meio do nada – como se não houvesse amanhã.

— O que houve? Você está quieta. — Sua voz soou e eu o olhei, Jacob dirigia concentrado na estrada, mas me olhava pelo canto do olho.

— Nada. — Falei calmamente. — Não dá pra ir mais rápido, não? — Resmunguei, ele estava irritantemente devagar. Ok, nem tão devagar assim, no indicado pelas placas seria o mais correto, porém eu tinha quase certeza de que ele andava nessa velocidade de propósito.

— Não, ultimamente tem muitos policiais por aqui. — Justificou e eu rolei os olhos, sabia que não era verdade, mas fiquei quieta. Samy sempre metia o pé e nunca ninguém havia nos parado.

Mordi o lábio, mas não consegui resistir e acabei olhando-o pelo canto do olho. Dude! Esse garoto é muito gostoso!

Por um instante o desejo de manda-lo parar o carro e pular no colo dele e agarra-lo até que o oxigênio do universo tivesse acabado me apossou – novamente –, mas aí a minha maldita consciência entrou em ação e me lembrou de que eu tinha conhecido Jacob Black hoje. Mas desde quando eu me preocupava com isso, exatamente? Eu sempre fui umas daquelas que se jogam de cabeça no que o coração mandava. Contraditório, eu sei, mas isso começou diminuir um pouco. Mas aí, voltava àquela sensação de intromissão, de que eu não deveria estar ali, e a minha insegurança dava as caras.

Já estava para abrir a boca depois de soltar um suspiro quando senti o carro parar e o motorista puxar o freio de mão. Franzi o cenho ao perceber que já havia chegado em casa, parecia que meu conflito interno tinha demorado tempo demais.

Irritada, eu saltei do carro, batendo a porta com um pouco mais de força do que eu achava necessária e entrei em casa.

— Hey ! — Samanta cumprimentou e eu estreitei os olhos em sua direção. — Ah, ok, eu faço macarrão com molho branco hoje à noite. — Resmungou e eu bufei, como se fosse tão fácil assim ficar de bem comigo de novo.

Se bem que o macarrão com molho branco dela era algo divino, mas abafa.

— Oi Samy. — Escutei a bendita voz grossa dele atrás de mim e eu me arrepiei. De novo. Que droga!

— Hey Jake! — Sorriu, jogando-se em cima dele. Sem querer eu estreitei mais uma vez meus olhos para os dois, que pareciam bem amigos, já que Jake erguia Samy do chão e só faltava ela agarrar ele com as pernas. — Menino do céu, você cresceu! — Exclamou voltando, finalmente, para o chão.

— E eu não fui o único, magrela. — Riu e minha “amada” irmã rolou os olhos. Fitei o lustre e bufei, senti minha pele queimar e retornei o olhar para o casal na minha frente, percebendo que Jacob mantinha os olhos em mim. — Bem, mas agora eu tenho que ir. — Comentou e eu arqueei uma sobrancelha em sua direção querendo dizer “até que enfim, seu idiota gostoso”, e ele tentou reprimir um sorrisinho de canto. Virei-me na direção da escada e subindo alguns degraus.

— Ah, sério? — Samanta perguntou e ele apenas concordou, e eu me virei a tempo de vê-lo estralando um beijo em sua bochecha. Girei nos calcanhares para voltar a subir as escadas, mas os passos dele prenderam minha atenção por um instante. Um choque percorreu toda a minha pele quando os lábios quentes dele tocaram minha bochecha.

— Tchau para você também, . — Zombou e eu me virei, mas ele já estava na porta.

— Hey Jake! — Samanta chamou, desviando o olhar de mim para nossa “visita”. — Sábado é a festa de aniversário minha e do Dave, você vem? — Convidou e eu senti meu estômago afundar quando ele desviou o olhar para mim e sorriu de canto, novamente. — Os meninos de La Push também vêm. — Samy continuou com expectativa.

— Claro. — Jacob sorriu, balançando-se nos calcanhares e eu mordi o lábio para não xingá-lo. Nem eu sei se queria que ele viesse ou que ele se enfiasse em casa e nunca mais saísse. — Quer que eu venha mais cedo para ajudar a arrumar as coisas? — Prontificou-se.

Não, nós contratamos um pessoal, mas muito obrigada. — Adiantei-me antes que minha irmã abrisse a boca.

— Ok então. — Sorriu e acenou antes de sair, fechando a porta atrás de si. Não demorou muito para escutar o carro saindo em direção à rodovia.

— O que foi isso? — Samy soltou com o queixo caído.

— Um garoto indo embora. — Respondi continuando a subir as escadas.

— Não isso. — Falou entediada. — Mas esse clima entre vocês! — Reformulou, me seguindo.

— Não tem clima nenhum, Samanta, vai se tratar. — Disse como se fosse óbvio, virando-me para ela, que me olhava descrente.

— Ah tá, e eu sou a Rainha da Inglaterra. — Retrucou rindo.

— Nossa, me passa a receita do seu soro da imortalidade então. — Zombei, fechando e trancando a porta de meu quarto.

— E O QUE É ISSO NA SUA BOCHECHA?! — Samy gritou, socando a porta.

Andei rapidamente até o banheiro e em fitei no espelho, não evitando que um sorriso babaca se instalasse por ali. Passei a mão por minha bochecha, seguindo até a região que tinha entrado em contato com a boca do Black queimar, em seguida deslizei a mão por minha nuca, tocando o curativo que ele tinha feito de forma tão preocupada em mim.

Então aquela pergunta voltou a rondar minha mente. Quer dizer, aquelas perguntas.

Quem era esse garoto? Por que ele mexia tanto comigo? Eu estou ficando retardada?

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!

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N/A: Meninas, não me matem, eu precisei fazer isso por causa do enredo da história, apesar de a minha vontade ser, basicamente, a PP agarrar o nosso lobinho e dar aquele pega, por todas nós, óbvio. 
Mas eu quero saber se vocês gostaram da att? Eu fiquei muito feliz ao ver meninas comentando e já perguntando as datas das att's na TAG! Gente, eu quase pirei aqui, obrigadinha mesmo!

Pois então, eu vou responder vocês:

Binhablack: Caramba, a Renesmee é mesmo insuportável, pelo menos aqui, e ela só está começando. Fique tranquila que essa rivalidade das duas vai dar muito pano para manga. Enquanto ao segundo "imprinting", podemos dizer que muitos mistérios vão atormentar o lobinho preferido, peninha não? Bem, tem um motivo para o Dave ser, como você disse, "chumbo grosso" (adorei essa) e acho que na próxima att você já vai começar a entender.

Kyth_Black: Obrigada bebê, a att não demorou muito, acho. Espero que continue gostando!

Nina: Awn, tô ficando mal acostumada já. Os dias de postagem variam, mas eu tento mantes um intervalo de uma ou duas semanas entre cada capítulo. Entendo o quanto é chato atrasar, mas as vezes eu não consigo fazer a att. Só prometo que o quanto antes eu apareço de novo, e espero um comentário sobre o que achou do capítulo 3!

PS: Bem, girls, eu mandei a fic para o TFI também, e ela entra já na próxima att, mas eu vou continuar com o blog! Só para deixar avisado.

PS²: Ah, eu quero dedicar o capítulo pra minha amiga, Duda, que ficou velha ontem! Parabéns nega!

Bem, acho que é isso, então beijos e até a próxima.

<19/07/12>

3 comentários:

  1. OMG morri e fui fazer uma visitinha ao paradise....
    Estou louk para ler o próximo caps!!

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  2. O que eu achei do capítulo?! Maravilhoso! haha
    Esse mistério todo que envolve a pp e seus irmãos, pq eles não são lobos mas algo de sobrenatural eles são! Pq tipo a Samy sabia dos vampiros e as características especiais da pp dão a idéia... Ainda pra fechar esse ar de sedução entre o Jake e ela, adorei! Gosto muito qnd as histórias mostram um pouco de insinuação e tal antes da pegação de fato! hahahaha
    Até a próxima! *.*

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  3. Ahhh!!! Que capítulo MARAVILHOSOOOOO!!!
    Omg!! Que vampiros são esses que apareceram? Pelo visto estão atrás da PP, nuss, por que será, heim?! Fiquei curiosíssima!!!
    E toma, Reneesme... ahhh, ameeei, o chega pra lá que a PP deu nessa songa monga filha, aff!!
    E que encontro foi esse da PP e do Jake? Gzuis amado, quase sofri combustão instântanea só com os "quase" pegas... Que lobo é esse meu Deus? Quero um desses para mim.
    Ehhh, mas a PP é bem esperta e já sentiu que estão escondendo alguma coisa muito séria dela, tenho pra mim que logo, ela descobrirá o motivo de tantos segredos.
    Como será a reação da meio a meio, quando souber sobre o segundo imprinting de Jake? E pior, quando souber que eles só não chegaram a dar uns belos amassos, por causa das várias intromissões que tiveram. A cara dela com certeza vai ser impagável. Louquinha pelo próximo.
    Amandooooooooo, bjsssss!!!!!

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